quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012
Horror cotidiano
No meio da barbárie que inunda diariamente o noticiário, eis que surge um vídeo que mostra o dentista Paulo de Tarso Nascimento Pinto ser assassinado num posto de gasolina em São José dos Campos no instante seguinte ao que dá seu dinheiro para um tipo magrelo que lhe apontava uma arma. O facínora dá um tiro no peito do dentista, assim sem mais nem menos, vira de costas e sobe num carro para fugir.
Neste momento em que policiais militares se amotinam, em que muitos outros, no Brasil inteiro, ameaçam entrar em greve, surge a necessidade de um amplo debate no país sobre a segurança pública, tema sempre muito sensível a todos - autoridades, políticos e população em geral.
De nada adianta o país progredir economicamente, obter bons resultados na luta pela diminuição da pobreza e da desigualdade social, melhorar seus índices de saúde e educação, ver as empresas aumentar seus lucros e os trabalhadores ganhar mais, se ainda coisas como esse assassinato cruel do dentista e essa mobilização dos PMs em busca de salários maiores ainda existem.
De nada adianta as prisões estarem superlotadas ou as forças policiais matarem indiscriminadamente jovens nas periferias das grandes cidades - isso não resolve, e parece que até piora, o quadro da violência no Brasil.
Tento imaginar o que há na cabeça do rapaz que assassinou o dentista a sangue frio, o que ele pensa da vida, como foi criado, quais são suas expectativas, como passa o seu dia a dia, se sonha ou tem pesadelos, se chora ou ri, se sente o mínimo remorso pela atrocidade que cometeu, ou se não tem nenhuma emoção, se age por instinto como um animal irracional.
Da mesma forma fico pensando em como é a vida desses policiais que se julgam acima do bem e do mal, que fazem as suas próprias leis e executam com fria determinação as sentenças que condenam à morte muitos inocentes.
Será que eles têm direito de entrar em greve por salários maiores?
Será que têm, sequer, noção do papel que lhes cabe na sociedade?
Não sei as respostas.
Sei apenas a dor que deve estar passando neste momento a família do dentista.
E a dor de tantas outras pessoas que perdem familiares e amigos vítimas de uma violência que se espalha em nós como uma chaga imunda, uma doença maldita que precisa ser, no mínimo, controlada.
Não sei nenhuma resposta, mas tenho milhões de perguntas que me afligem como ser humano e cidadão.
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