quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Seu Diniz salva o mundo


Os supermercados paulistanos começam hoje seu grande projeto para salvar o mundo.
Para isso deixaram de embalar os produtos que vendem com as sacolinhas de plástico. Quem fizer compra agora, que se vire - ou pague por uma sacola qualquer, pois ela se transformou em  mais uma mercadoria à venda entre as centenas expostas nas gôndolas.
Graças a uma campanha mercadológica muito bem feita, muita gente acredita que o oligopólio dos varejistas  tem razão em deixar de embalar os produtos com as sacolinhas de plástico.
Esse pessoal acha mesmo que está ajudando o planeta Terra - e não o caixa dos supermercados - quando leva para casa a compra nas "ecobags" - que palavra chique!
Se eles parassem um instante para pensar veriam que a medida é inócua para o ambiente: as sacolinhas de plástico que os supermercados forneciam gratuitamente eram usadas para embalar várias coisas, como o lixo, ou seja, eram reutilizáveis. Sem elas, quem fazia isso terá de comprar sacos plásticos para jogar o lixo fora - o jogo fica empatado, saem as sacolinhas de plástico, entram os sacos plásticos...
Fora esse pequeno detalhe de que a medida não traz nenhum ganho ambiental, há o fato de que os supermercados vão aumentar seus lucros - já estratosféricos - deixando de fornecer as sacolinhas e vendendo as suas substitutas.
Uma sacolinha "verde", biodegradável, tem preço de custo de R$ 0,007, uma ninharia. Será vendida por cerca de R$ 0,20. É só fazer a continha de subtração: R$ 0,193 de lucro por unidade!
Seu Diniz não é bobo. Conseguiu enganar um monte de gente com essa história de que a sacolinha de plástico iria acabar com o planeta.
Seu Diniz não é bobo. De uma tacada só convenceu um monte de gente que ele e sua turma estão fazendo uma ação benemérita para a humanidade, quando, na verdade, acharam um jeito de multiplicar seus ganhos, eles que, coitadinhos, estão passando por necessidade...
Interessante é que essa medida que vai salvar o mundo tenha entrado em vigor justamente hoje, aniversário de São Paulo.
Seu Diniz, que não é bobo, deu um presente e tanto para os moradores da cidade.
Ele é ou não é um cidadão exemplar?

PS 1: Deixo claro a todos que não sou a favor do uso das sacolinhas de plástico. Sou, sim, a favor de que os supermercados embalem, com qualquer material, as compras que fazemos, gratuitamente, como sempre foi até que eles resolveram salvar o mundo.
PS 2: Transcrevo a seguir texto da Plastivida, entidade que representa institucionalmente a cadeia produtiva do plástico, com dez motivos para não se banir a sacolinha de plástico. Pode ter seus exageros, como todo lobby que existe. Mas é um bom contraponto à enxurrada de opiniões que, nos últimos tempos vilanizaram as tão úteis sacolinhas. 

1. As sacolinhas não são descartáveis, são reutilizáveis. Quase todo mundo as reutiliza para colocar lixo. Sem elas você vai ser obrigado a comprar novos sacos para esse fim. Um sacrifício sem vantagem ambiental. A única diferença é que você vai ter que pagar por esses sacos e por outros tipos de sacola. Prepare o bolso. 
2. Pesquisa Datafolha mostra que 88% das pessoas reutilizam as sacolas para armazenar lixo, transportar objetos e recolher sujeira de animais. Por isso ela é a embalagem preferida de 84% da população. 
3. Cidades como Jundiaí, que já proibiram as sacolinhas, registraram aumento considerável de vendas de sacos de lixo. Com um novo gasto mensal, é o consumidor que sai no prejuízo. 
4. Os órgãos de vigilância sanitária recomendam o uso de recipientes plásticos para descarte do lixo. Com a proibição das sacolinhas, populações menos favorecidas não terão como descartar o lixo da forma correta. 
5. Um estudo internacional comprova que o processo de fabricação das sacolinhas plásticas causa menos impacto ambiental do que o das sacolas de pano, papel e papelão. Não é papo, é fato, é científico. 
6. Ao longo de sua vida útil, uma sacolinha plástica comum emite menos gás carbônico e metano no meio ambiente (gases causadores do efeito estufa) do que qualquer uma das sacolas alternativas oferecidas hoje. 
7. A proibição das sacolinhas poderá acarretar o fim de 30.000 empregos diretos no país e 6.000 empregos diretos em São Paulo. 
8. Para evitar o acúmulo de fungos e bactérias e a possível contaminação dos alimentos, as sacolas retornáveis precisam ser higienizadas com alta frequência, o que aumenta o consumo de água e outros produtos. É preciso ter cuidado também com as caixas de papelão usadas, pois muitas vezes elas não têm as condições higiênicas adequadas para transportar as compras.
9. Sacolinhas plásticas são recicláveis: se usadas e descartadas corretamente, podem se transformar em diversos outros produtos plásticos. 
10. O problema não é a sacolinha, e sim o desperdício e o descarte inadequado, esses sim são os vilões do meio ambiente. A solução, portanto, não é proibir, mas educar a população a usar, de forma responsável, as sacolinhas plásticas e todas as outras embalagens.

2 comentários:

  1. Essa lei é um SACO, nénão???

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  2. Não bastasse o fato do estabelecimento deixar de oferecer um serviço, ainda vende a ilusão da sustentabilidade como bem comprável. Sacola de feira ninguém quer... Triste o mundo das ecobags.

    O momento da história em que a sacola de feira virou obsoleta e ecobag feita no Vietnã, a salvação do planeta. Já viu esse breve e ótimo vídeo que está circulando? http://www.youtube.com/watch?v=uwyam4y_84E&feature=youtu.be

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