terça-feira, 10 de janeiro de 2012

O triste papel da PM


Depois de atirar com balas de borracha e jogar gás lacrimogêneo nos pobres coitados da Cracolândia, a Polícia Militar paulista apareceu num filmete na internet agredindo um rapaz negro, que se dizia estudante, na USP, aparentemente sem nenhuma razão.
Os dois episódios não são fatos isolados. Ilustram apenas o infeliz modus operandi da corporação, que já bateu em professores, em sindicalistas variados, em estudantes, secundaristas e universitários, em sem-terra, em sem-teto, e até mesmo  trocou tiros com seus colegas sem farda, da Polícia Civil.
Isso, claro, sem falar nos milhares de mortos que deixou pelo caminho nesses anos todos de lamentável atuação.
A Polícia Militar é a pior herança da ditadura, pois ela, ao contrário de muitas outras coisas que marcaram a presença dos militares no governo brasileiro, continua cada vez mais viva, afrontando as mais elementares noções dos direitos humanos.
É uma vergonha o que fazem os policiais no Estado mais rico da federação, a maneira como atuam, como se estivessem acima das leis e tivessem a permissão para condenar, julgar e, em muitos casos, executar, quem quer que seja.
O interessante é que toda essa violência quase sempre tem endereço certo: pobres, pretos, jovens da periferia, populações desamparadas.
Em qualquer lugar civilizado o policial é visto como alguém que presta ajuda aos bons cidadãos, a grande maioria da sociedade.
Aqui, é visto como alguém a quem se recorre por último, quando não há mais nada a fazer.
Não conheço uma pessoa sequer que tenha tido alguma experiência positiva com a polícia. Ao contrário, já ouvi um monte de gente se queixando de como foi tratado por ela, até mesmo em situações corriqueiras.
Outro dia li algo que me deixou estarrecido, que 30 dos 31 subprefeitos paulistanos são coronéis da PM.
Tentei, de todas a maneiras, entender os motivos que levaram o esperto prefeito Kassab a nomeá-los. Não cheguei a nenhuma conclusão.
De toda a forma, o fato é interessante porque demonstra a intimidade que existe entre o Executivo e a força policial.
É uma relação em que fica explícito o papel da PM: servir de guarda-costas, de guarda pretoriana dos donos do poder, dos ricos e poderosos, da tal elite que manda e desmanda no país por tanto tempo.
Só isso, mais nada.

2 comentários:

  1. Oi Motta, parabéns pela crônica. Sei bem o que é a PM. Fundei o modelo de Conseg há uns vinte anos. Tudo ia bem. Prestigiado pela PM, pela Civil, pelo Secretário Petreluzi na época etc. Um dia resolvi enfrentar um coronel que morava em Sorocaba e comandava Jundiaí. Ia todo dia pra casa com carro oficial e ajudante de ordem etc. Em resumo: Virei inimigo dos meganhas. Em que pese alguns sérios e ótimos amigos. abs.Douglas Mondo

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  2. É, Douglas, é muito triste ver que isso acontece em nosso país. Mas quem sabe um dia as coisas mudam. Como dizem, pedra mole...
    Prazer imenso em ter contato com o amigo.
    Abs.
    Motta

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