Cenário montado, câmeras e máquinas fotográficas a postos, o presidente do Palmeiras, Arnaldo Tirone, dá início à entrevista coletiva do ex-goleiro Marcos, ídolo dos torcedores do time, que havia, uma semana antes, anunciado a sua aposentadoria, com um sonoro "boa noite".
Detalhe: o evento foi realizado ontem, quarta-feira, em São Paulo, numa clara manhã.
A lista de bobagens do cartola palmeirense é enorme. Tirone não precisa fazer mais nenhum esforço para integrar o time dos dirigentes folclóricos do futebol brasileiro.
Hoje, certamente, está no topo da relação.
Mas, apesar de ser o mais notório, não está sozinho.
O clube mais popular do país, o Flamengo, passa por mais uma profunda crise financeira, que atingiu de cheio o elenco. O zagueiro Alex Silva entrou na Justiça para tentar receber os salários atrasados, o astro Ronaldinho Gaúcho está prestes a procurar outro time, o elenco faz a pré-temporada absolutamente insatisfeito com a situação.
O São Paulo, até outro dia tido e havido como exemplo de boa administração, nos últimos tempos coleciona vexames, dentro e fora de campo. Seu presidente, Juvenal Juvêncio, age com a desenvoltura dos mais experientes e notáveis ditadores: fulmina a oposição, centraliza as decisões, cultua a própria personalidade de modo insuperável.
Esse são apenas alguns poucos exemplos de quantas anda o futebol brasileiro fora dos gramados. Parafraseando o antigo locutor, "o tempo passa" e nada nele muda.
Os personagens trocam de rosto, de voz, de corte do cabelo, de carro, mas nunca de atitude.
Se fossem espertos como apregoam, poderiam ler o trabalho divulgado pela Fundação Getulio Vargas que vê o negócio futebol com potencial para gerar cerca de R$ 60 bilhões anuais no país, quase 2% do Produto Interno Bruto.
Como são simplesmente espertalhões, se contentam com bem pouco, com as migalhas de um efêmero sucesso, fruto muito mais do acaso e da paixão dos torcedores do que da mínima competência.
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