quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

A síndrome da Fórmula 1


Muita gente ficou indignada com a resolução do Contran que desobriga os órgãos de trânsito a usar placas indicando a presença de radares nas vias públicas. Para essas pessoas, a medida faz parte do que se convencionou chamar de "indústria de multas". Mas quem teve a oportunidade de viajar neste fim de ano, ou quem passa algum tempo dirigindo em São Paulo, sabe que isso ainda é muito pouco para coibir a ação de motoristas absolutamente despreparados, que são a principal causa dos acidentes e das mortes no trânsito.
O sujeito que é contra a nova resolução deve correr a 140 km/h ou mais nas estradas e quando vê uma placa indicando a presença de um radar, reduz a velocidade no trecho, para depois voltar a acelerar e fazer a pista se transformar no seu parque de diversão particular, pondo em risco a sua e a vida de muitos.
Ora, a sinalização de trânsito não existe por acaso. Ninguém coloca uma placa indicando estrada sinuosa se ela é reta, nem a de proibido ultrapassar se naquele trecho a visibilidade é ótima. Um semáforo existe para impedir que os carros se destruam num cruzamento.
Mas do jeito que as pessoas dirigem, parece que as placas são apenas objetos decorativos ou que não servem para nada além de poluir a paisagem - que não veem, já que passam por ela numa velocidade absurda.
O Brasil é um dos países que estão no topo do ranking daqueles em que o trânsito mais faz vítimas. A cada fim de ano aparecem as estatísticas macabras sobre o tema. Campanhas educativas ou medidas como a "lei seca" parecem ter efeito mínimo para reduzir o número de mortos e feridos.
O motorista brasileiro parece sofrer da "síndrome da Fórmula 1": todos se acham um Senna, um Fittipaldi, um Massa; o mais prosaico carro popular parece que foi feito para ser uma estrela dos circuitos internacionais; um inocente passeio num fim de semana se transforma numa feroz competição entre psicopatas.
O carro é uma das armas mais poderosas que existem - uma massa de aço e plástico de 1 tonelada, no mínimo. Infelizmente, ainda são poucos os que enxergam essa realidade, esse potencial destrutivo dessa máquina que estimula sonhos e desejos de bilhões de pessoas.

Um comentário:

  1. Jairo Teixeira Mendes Abrahão28 de dezembro de 2011 às 20:47

    Muito bem!

    Motta gostei muito do que disse! Provavelmente por pensar como voce. Moro na orla norte de Porto Seguro, BA,e, me parece que os mais afoitos são os motoristas de carros populares!!

    Jairo

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