quinta-feira, 1 de setembro de 2011

O mundo esquecido


Bastou o Banco Central fazer aquilo que muitos queriam - diminuir a taxa Selic - para que vários "analistas" saíssem a campo para criticar a decisão, dizendo que ela foi "política" e "arriscada", que foi tomada apenas porque o governo a desejava, num evidente sinal de submissão às ordens palacianas.
O interessante é que esses tais "analistas" são os mesmos que orientam a pauta das editorias econômicas dos jornais. São economistas ligados a instituições bancárias ou que pertencem aos quadros da meia dúzia de "consultorias" que frequentam diariamente as páginas do noticiário econômico, e que devem ter como clientes justamente os bancos e assemelhados.
Por isso, nada mais natural que critiquem o corte do juro. Afinal, não podem ir contra o interesse dos seus patrões. Se ousarem fazer isso serão imediatamente demitidos.
O fato é que não dá para levar a sério nem o que esses "analistas" dizem, nem o que os jornais escrevem. A cobertura econômica, por exemplo, é completamente desequilibrada. Dá muita atenção ao que o "mercado" - essa entidade incorpórea e todo poderosa - diz e quase nenhuma ao que poderiam falar os industriais, os comerciantes, os trabalhadores autônomos, os sindicalistas...
O fenômeno ocorre porque, essencialmente, o jornalismo brasileiro é, para não ir mais longe na análise, preguiçoso, embarca facilmente no lobby  bem organizado do setor financeiro, que inunda das redações com seus "papers" de análise de conjuntura, com a "notícia" pronta e bem embalada, cheia de números para comprovar uma tese qualquer - sempre de acordo com o interesse de quem patrocina o "estudo".
Parece que não há vida inteligente em nenhum outro setor da atividade econômica. Os entrevistados são sempre os mesmos, um seleto grupo de ortodoxos que tem uma visão igual dos problemas e soluções estreitas e limitadas para eles.
Resta apenas o circuito alternativo, formado por alguns blogs, para quem quer fugir dessa armadilha e se informar de um modo menos parcial e ter uma visão mais abrangente do que acontece no mundo real - esse esquecido e sem importância elemento do noticário.

Um comentário:

  1. É por essas e outras que eu acompanho os blogs ditos de esquerda , pois estes fazem um contra-ponto flagrante e não escondem ou selecionam as notícias como a grande mídia .
    Esse negócio que o BC tem de ser independente é falácia , se ele é um ente público tem por finalidade defender o interesse público da maioria e não defender o interesse de uma minoria cega e tapada que como seu post deixou explícito só defende a banca .Essa política de ferrar o emprego e o trabalho em pról do sistema financeiro não é independente . Aliás , essa mesma banca com suas doutrinas néo-liberais que quebrou os EUA e Europa , agóra empurra a conta para os trabalhadores e os pobres e ainda tem a hipocrisia de se apresentar como única dona da verdade e salvadora do mundo .

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