segunda-feira, 26 de setembro de 2011
Mundo virtual
Sempre que posso, vou para o Interior, deixo esta São Paulo suja, caótica e feia para passar algumas horas num local onde possa fazer as coisas mais simples e prazerosas que existem, como andar pelas ruas sem ser perseguido pelo medo, sentar despreocupado num banco de praça, tomar um cafezinho no bar vendo o vai e vem das pessoas - coisas que na metrópole são tabus.
Como eu, imagino, milhares de pessoas fazem o mesmo. Não suportam mais viver nesta capital, ou melhor, moram nela apenas porque não têm opção.
É impressionante o número de veículos nas estradas, a velocidade com que eles se afastam do território paulistano.
Fico sempre surpreso ao ver as centenas de pessoas que descem dos ônibus de excursão, estacionados em volta da enorme praça do Sesquicentenário, em Serra Negra, nos fins de semana. Gente de todas as idades, velhos e moços que parecem maravilhados com a oportunidade de simplesmente respirar um ar carregado de novidades.
No caminho para a pequena cidade serrana, até Campinas, já há um sem número de condomínios, grande parte deles de luxo. Logo mais, a onda migratória chegará com toda a força à região chamada de Circuito das Águas. Com as facilidades proporcionadas pela internet, muitos concluirão que podem, perfeitamente, trabalhar onde quer que estejam, desde que usem o computador.
É fora de São Paulo, também, que se percebe como o mundo real está dissociado daquele que se lê no noticiário dos jornais e se depreende das "análises" dos tais "especialistas" que infestam o jornalismo nativo.
Para quem divide o dia entre horas no trânsito, o ar-condicionado do trabalho, e alguns momentos de descanso e sono em casa, como milhões de paulistanos fazem, a realidade pode ter o impacto da mais desatinada obra de ficção.
O mundo virtual, hoje, é esse em que a gente acorda com o barulho dos passarinhos, um céu de um azul quase esquecido e uma golfada de ar frio, acompanhada de um cheiro indistinguível - pelo menos para nós, acostumados com o fedor de toneladas e toneladas de gás carbônico e outras porcarias que nos rodeiam -, um perfume sem nome e sem grife, apenas delicioso.
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