quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Malandro é malandro, mané é mané


O que mais chama a atenção nessa história da queda do ministro do Turismo, o deputado Pedro Novais, é ver com que desembaraço os nossos políticos usam o dinheiro público para seus negócios particulares, misturam as estações, jogam tudo no mesmo saco. Fazem isso com tal desenvoltura que é como se, de fato, não tivessem a menor ideia de que estão cometendo um crime. Agem assim, creio, porque veem isso ocorrer em todo lugar, acham que a prática é algo incorporado à cultura nacional, que ninguém mais liga para isso.
E é mesmo verdade que o que o deputado fez no cargo de ministro se repete em todas as cidades brasileiras, onde as "autoridades" só se sentem "autoridades" quando o cargo que ocupam lhes proporciona algumas mordomias, como, por exemplo, ter um carro oficial para levá-las a qualquer canto, mesmo fora do expediente, mesmo que seja para, simplesmente, dar um passeio no shopping center da cidade vizinha - já cansei de ver carros de prefeituras do interior estacionados nessas praias paulistanas.
Parece que quem atinge o posto de "autoridade" no Brasil se sente no direito de não só ostentar toda a liturgia da função, mas de mostrar que pode ultrapassar os limites da lei impunemente. Uns fazem isso de modo realmente criminoso, embarcando em esquemas pesados de corrupção, de verdadeiro assalto aos cofres públicos. Outros, porém, se contentam com pequenas transgressões, como se tivessem a necessidade de mostrar aos amigos, colegas e conhecidos, que atingiram um nível social que lhes permite fazer o que bem entendem sem ter de prestar contas a ninguém.
É como se no "pacote" da sua nova função estivesse incluído tal privilégio.
Claro que pessoas como o tal Pedro Novais, são um prato cheio para a nossa imprensa, que, no fundo, não está nem um pouco preocupada em ajudar a acabar com a corrupção no Brasil. Seu único interesse, quando levanta casos como esse, é enfraquecer o governo petista e demonstrar que ainda tem força suficiente para causar confusão, criar crises e provocar escândalos.
Enquanto agir seletivamente, escolhendo os seus alvos, deixando de lado os amigos de negócios e de ideologia, a imprensa estará apenas contribuindo para tornar a corrupção ainda mais forte no meio da nossa sociedade.
É necessário muito mais que algumas manchetes para que os Pedro Novais da vida se sintam inibidos em fazer as estripulias que fazem nos cargos públicos que ocupam. Mas para que isso ocorra há um longo e difícil caminho a ser percorrido - um caminho que poucos ousam enfrentar.

Um comentário:

  1. Isso é herança do Brasil colônia , onde o público eo privado se confundiam . O Brasil se tornou república porem o recheio continuou o mesmo .

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