sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Caso perdido


De volta do trabalho, tarde da noite, uma blitz da Polícia Militar me para. Abro o vidro e dou boa noite para o guardinha. Ele fala qualquer coisa, ao mesmo tempo em que vou tirando o cinto de segurança e abrindo o porta-luvas para pegar o documento do carro. Aí, escuto o PM:
- O sr. pode botar o cinto de volta.
Obedeço.
- Não quero os documentos, quero sua atenção - diz.
Aquiesço.
- O sr. ingeriu alguma bebida alcoolica nas últimas horas? - pergunta.
Respondo que não.
- O sr. concorda em fazer um teste com o bafômetro? - volta a perguntar.
Digo que não há problema nenhum.
Aí, ele me pede para soprar com força na direção de um pequeno aparelho. Na segunda tentativa, o guardinha me diz que está tudo ok e eu posso ir embora.
É o que faço, com o máximo prazer.
Só em casa é que me ocorre que o tal PM me deixou ir embora sem ao menos verificar se o carro que eu dirigia era roubado ou se eu tinha documento de habilitação.
Horas antes, num cruzamento perigoso perto de casa, os ocupantes de uma viatura da PM observaram passivamente uma mulher que dirigia um Gol velhinho fazer uma manobra proibida.
E olha que ela deu chance  para que eles tomassem alguma atitude, pois ficou com o carro parado ao lado deles, fingindo que nada tinha acontecido. Os PMs se limitaram a dar umas buzinadas para chamar a atenção da motorista, que nem olhou para eles, acelerou e foi embora na maior cara dura.
Por essas e por outras não me surpreendo mais quando leio coisas simplesmente aterradoras sobre a Polícia Militar de São Paulo.
Na minha modesta opinião, ela é um caso perdido.

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