sábado, 4 de junho de 2011

Lobato e a Academia

Lobato: imortal sem ter sido acadêmico

No ano de 1944, um grupo de acadêmicos convidou Monteiro Lobato a aceitar a indicação para ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras. Lobato havia se inscrito candidato à ABL em 1925, teve apenas 14 votos, inscreveu-se de novo depois, mas se arrependeu e caiu fora da disputa..
Foi pego de surpresa pela iniciativa dos acadêmicos que o indicaram anos após sua primeira aventura: Olegário Mariano, Menotti del Picchia, Viriato Correia, Manuel Bandeira, Alceu Amoroso Lima, Cassiano Ricardo, Múcio Leão, Oliveira Viana, Barbosa Lima Sobrinho e Clementino Fraga. E escreveu a Múcio Leão, então presidente da ABL, uma carta que ficou famosa, na qual recusava a indicação. Em certo trecho dizia:
"De forma nenhuma esta recusa significa desapreço à Academia, pequenino demais que sou para menosprezar tão alta instituição...Não é modéstia, pois não sou modesto; não é menosprezo, pois na Academia tenho grandes amigos e nela vejo a fina flor da nossa intelectualidade.
"É apenas coerência; lealdade para comigo mesmo e para com os próprios signatários; reconhecimento público de que rebelde nasci e rebelde pretendo morrer. Pouco social que sou, a simples ideia de me ter feito acadêmico por agência minha me desassossegaria, me perturbaria o doce nirvanismo ledo e cego em que caí e me é o clima favorável à idade."
É isso. Monteiro Lobato preferiu o sossego de sua idade ao sossego do chá da tarde nos ricos e finos salões da ABL. 
Pena que tantos outros não tenham tomado a mesma decisão do imodesto Lobato. 
O Nirvana em que vivem os nossos acadêmicos certamente estaria ainda mais doce.

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