sexta-feira, 1 de julho de 2011

E-mail transparente


Tempos atrás, um colega de trabalho foi assaltado, levaram sua carteira com documentos e com os indefectíveis cartões - do banco e de crédito. Dias depois, já tendo avisado o banco do roubo, foi consultar o saldo e - surpresa! -, viu que faltavam uns 500 mangos. Correu atrás de gerentes e tudo o mais para descobrir que o saque havia sido autorizado por telefone.
Lembrei dessa historinha ao ler a notícia de que um sujeito conseguiu entrar no e-mail do UOL do ex-ministro José Dirceu usando expediente parecido: ligou para a empresa, passou os dados pedidos (que havia conseguido ilegalmente, sabe-se lá como), trocou a senha e ficou de posse de todo o conteúdo da correspondência de Dirceu.
É de espantar a facilidade com que o sujeito conseguiu aplicar o golpe. A operação mostra a vulnerabilidade desses sistemas, a burrice dos que os planejam e operam - não foi preciso nem fornecer a senha antiga para trocar pela nova!
Anos atrás, quando tinha um e-mail, também pago, do Terra, constatei que, ao acessá-lo com a minha senha, ele acabava entrando em outras contas. Em casa e no serviço.
Informei, de todas as formas possíveis, o pessoal do Terra sobre a tremenda falha que havia no serviço, mas qual o quê... Parecia que estava falando com uma porta - eles não entendiam nada, não se preocuparam nem um pouco em tentar, pelo menos, saber como é que aquilo acontecia.
Desencanei. Hoje o Terra faz parte do passado. É mais uma porcaria que a gente paga para não oferecer nada melhor que os tantos outros e-mails gratuitos existentes na web.
O caso UOL/Dirceu é grave porque envolve uma pessoa pública polêmica, que colecionou, em sua longa vida política, uma série de desafetos - se não inimigos. Está claro que o criminoso não fez o que fez para brincar. Seu propósito é outro.
A tentativa do UOL de abafar o caso - a nota que soltou sobre o ocorrido é patética - desnuda ao público o tipo de empresa a que o consumidor brasileiro tem de se submeter: em vez de se desculpar por uma falha capital, ela chega ao cúmulo de dificultar o acesso às informações que poderão levar à descoberta do criminoso.
Para terminar: pensava que um indivíduo com a experiência do Zé Dirceu fosse menos inocente. Usar o e-mail do UOL...

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