quarta-feira, 20 de abril de 2011

O dedo no gatilho


Virou moda, depois do terrível massacre da escola de Realengo, achar que desarmar a população vai trazer a tão sonhada paz ao país. Os defensores da ideia acham que, num passe de mágica, a violência acabará assim que mais armas forem destruídas e, por meio de um novo referendo, a venda desses artefatos seja proibida.
Eu não acredito que ainda existam pessoas que pensem assim. Não sei se elas são ingênuas ou simplesmente canalhas que se aproveitam de um momento de intenso desgaste emocional provocado por uma série de crimes bárbaros, que a mídia explora como atrações hollywoodianas, para pôr em prática esses planos mirabolantes.
Ninguém quer ver o cidadão comum andando por aí com revólveres na cintura, como nos faroestes. É lógico que não é assim que o problema da violência será resolvido. Mas do que adianta tirar as armas apenas de quem não é bandido e deixar os criminosos do mesmo jeito que estão, fortemente armados?
Vai resolver o quê proibir totalmente o comércio desses produtos se os marginais não arranjam os revólveres ou pistolas com que cometem seus crimes legalmente?
Esses políticos, essa turma de um monte de ONG que não cansam agora de aparecer na televisão clamando por um novo plebiscito, por uma legislação ainda mais restritiva à venda e uso das armas de fogo, fariam melhor se focassem seus esforços para pedir aos governantes a execução de uma política de segurança pública mais eficaz, que equipasse e pagasse melhor os policiais, que trouxesse a polícia da Idade Média para a contemporaneidade, que fizesse com que a tortura dos suspeitos fosse substituída por métodos científicos de investigação, que, enfim, encarasse o combate ao crime - de toda espécie, inclusive esses praticados por criminosos que usam terno e gravata e têm gordas contas bancárias - como uma prioridade.
Ignorar que a arma de fogo é acionada por uma pessoa e julgá-la capaz de por si só de praticar uma barbaridade é mais que uma leviandade. É a mais pura e completa demagogia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário