terça-feira, 15 de março de 2011

Velozes e furiosos


O J3 da JAC: com tudo o que o "nacional" não tem

A partir de sexta-feira, dia 18, os carros da montadora chinesa JAC começam a ser vendidos no Brasil. Trazidos pelo empresário Sergio Habib, o mesmo que iniciou no país as operações da francesa Citroen, nos anos 90, eles são mais um componente da sopa de letras dos veículos made in China que já desembarcaram em terras brasileiras. Por enquanto, apesar da quantidade de marcas - Chery, Lifan, Chana, Dongfeng, Hafei, Great Wall, Jinbei, Effa -, eles ainda são minoria nas ruas e estradas e detêm porcentagem ínfima do mercado. Mas, em poucos anos, aumentaram substancialmente sua presença, a ponto de se destacarem em alguns nichos, como o transporte de pequenas cargas.
O carro da JAC que estreia no mercado, o J3, assim como outros chineses, é vendido com itens que para as outras montadoras que dominam o mercado são considerados "opcionais" - direção assistida, freios ABS, ar-condicionado e airbags, entre os principais. Ou seja, o comprador não precisa gastar cerca de um quarto do valor do bem para andar com um mínimo de segurança e conforto.
Além disso, os chineses custam menos que os "nacionais", apesar dos 60% de imposto de importação que pagam para entrar no Brasil - além, é claro, dos tributos "domésticos". O preço tem a ver, lógico, com o yuan desvalorizado – que facilita a exportação –, com o real sobrevalorizado – que ajuda a importação –, com a mão de obra barata, mas, principalmente, com a escala de produção dos veículos.
Há poucos anos, a China tinha uma indústria automobilística incipiente, com poucos produtores e compradores. Hoje, possui mais de uma dezena de fabricantes que abastecem o enorme mercado local e já começam a disputar o de outros países, principalmente do Terceiro Mundo e emergentes.
A qualidade, antes tão contestada, melhorou na mesma proporção que piorou a de tradicionais produtores ocidentais e asiáticos, às voltas com recalls que cada vez mais comprometem a sua imagem.
Em pouco tempo a Chery terá uma fábrica no Brasil, no município paulista de Jacareí. Nela, pretende fabricar veículos para toda a América Latina. O investimento é de quase meio bilhão de dólares.
A JAC, que já colocou seu J3 para testes das publicações especializadas, além do preço, oferece garantia inédita de 6 anos para o produto e revisões também baratas, além de garantir o necessário estoque das peças  principais. Além disso, realizou mais de 2 milhões de quilômetros de testes com o modelo, que recebeu, para atender as especificidades do mercado brasileiro, mais de 200 modificações. E começa as operações com uma rede de 50 concessionárias.
A invasão chinesa não é brincadeira. Deitadas eternamente em seus berços esplêndidos, as chamadas "quatro grandes" (Volkswagen, Fiat, GM e Ford), que dominam  mais da metade do mercado brasileiro, devem estar  
agora se  preparando para acordar de um longo sono. Talvez, com essa concorrência indesejada, passem a oferecer produtos de qualidade superior e preço mais baixo - uma equação que parece impossível no Brasil, mas  que tem se provado muito eficiente em todo o restante do mundo.

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