Serra: sei tudo, mas ninguém me ouve
Em Brasília, onde falou para a bancada parlamentar tucana, desfiou uma série de bazófias. Sem nunca abandonar o discurso acaciano que sempre o dominou, revela agora ao distinto público uma face até então pouco conhecida, a do sujeito que se remói de inveja pelo sucesso do adversário, no caso a presidente Diolma Rousseff, o "poste" que o derrotou.
Está tudo errado no país e eu sou a salvação. A isso se resume o discurso do Serra abandonado por seus pares, rejeitado pela maioria da população, com quase nenhuma influência em seu partido.
Patético, sugere um "11º mandamento" partidário: "Tucano não fala mal de tucano."
É sintomático que tenha pensando nisso: deve estar realmente preocupado com que seus antigos amigos andam espalhando pelos quatro cantos do Brasil a respeito de sua atuação como "líder" de uma oposição sem rumo, sem programa, sem ideais - principalmente agora que o "barbudo" não é mais presidente, ele que foi, durante oito longos anos, o Norte a orientar todas as ações oposicionistas. Com Dilma no comando, as coisas ficaram mais difíceis: afinal, o que pensa essa mulher?
Serra foi o símbolo acabado dessa oposição fracassada. Sua atuação destemperada, qual biruta de aeroporto, girando para cá e lá conforme o vento, na campanha presidencial, representou o episódio final do desempenho medíocre que teve ao longo de algumas dezenas de ano no palco político do país.
Os desafios constrangedores que lança hoje aos reais protagonistas do poder devem ser vistos apenas como uma débil tentativa de se manter na superfície. São o grito de alguém que se afogou em sua própria incapacidade de pensar no novo, de entender que o Brasil mudou, irremediavelmente, e já não tem lugar para políticos de sua espécie.
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