O dia da caça

Ladrões fazem a festa num dos maiores shoppings de São Paulo, bem na hora do almoço, na frente de dezenas de seguranças e centenas de fregueses. No mesmo dia, o secretário estadual dos Transportes, Saulo de Castro Abreu, Filho e sua família, são rendidos por assaltantes quando chegavam em casa, no bairro Alto de Pinheiros. Os meliantes ainda tiveram a ousadia de ir embora da casa com o carrão do secretário, um Vera Cruz, da Hyundai, que custa, novo, cerca de R$ 130 mil.
O detalhe curioso dessa história é que Saulo é ex-secretário de Segurança Pública de São Paulo, aquele que ficou famoso por alguns episódios: a "Operação Castelinho", em 2002, na qual morreram 12 integrantes do PCC, que estavam em um ônibus; e o circo que armou na Assembléia Legislativa, em 2006, quando, numa reunião sobre os ataques do PCC na capital, chegou a questionar a masculinidade de um deputado, colocou em dúvida os atributos intelectuais de outro, lançou dúvidas sobre a honestidade de mais um, batucou e dançou enquanto era ouvido, além de fazer o gesto característico de "vá se f...", erguendo o dedo médio.
O ex-promotor público que se notabilizou, na pasta da Segurança Pública pela sua truculência, está agora na área dos Transportes, para, segundo disse o governador Geraldo Alckmin, dar segurança jurídica aos contratos do setor, sempre apetitosos, sempre polpudos. À boca pequena se comenta que, na verdade, ele foi lá para "limpar a área" dos Paulos Pretos da  vida que ali desenvolvem seus negócios com toda a volúpia que o capitalismo caboclo permite. Ou seja: Alckmin quer trocar a turma de Serra pela sua.
O carrão do secretário já foi recuperado. Agora, a polícia vai atrás dos assaltantes. Pelo histórico de incidentes desse tipo, que envolvem figuras públicas poderosas, os meliantes não terão a menor chance de usufruir o fruto de sua audaciosa ação. A polícia, quando quer, age rápida e eficazmente.