segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

O bater das asas


A colunista Monica Bergamo informa, em poucas linhas, que, surpreendentemente, José Serra faz as contas para saber quantos correligionários conseguiria reunir para formar um novo partido.
Se for mesmo verdade, quer dizer que o ex-governador paulista não está se sentindo nada bem no ninho tucano e que pensa bater suas longas e negras asas para bem longe.
Como é mais que sabido, a vez de Serra passou. Os tucanos agora acham que chegou a hora de tentar a sorte com Aécio Neves, que, para eles - e para outros tantos - representa a modernidade na política nacional.
Aécio será a aposta da oposição em 2014 contra Dilma - ou contra Lula.
Para mostrar que não está morto politicamente, Serra tem de arranjar um palanque que seja alto o suficiente para suas ambições. A Prefeitura paulistana, por exemplo.
Isso exige, porém, que supere não só a rejeição do  eleitor que não se esquece de quem, certo dia, quebrou a promessa de que permaneceria no cargo, mas, principalmente, outro inimigo terrível que possui - a sua notória prepotência e arrogância.
Serra, que várias vezes proclamou aos quatro ventos que se prepara para ser presidente do Brasil desde que nasceu, deve se sentir desconfortável na cadeira de prefeito.
A colunista Monica Bergamo não disse a que contas ele chegou em sua pesquisa. Mas qualquer um que tenha acompanhado só um pouco a trajetória de Serra sabe que ele é um dos raros políticos brasileiros que não tem amigos.
Talvez pelo medo de ser acordado de madrugada - Serra, quando no poder, adorava marcar reuniões nos horários em que as pessoas normais costumam dormir -, ou ter de conviver com um sujeito quase sempre mal humorado, constantemente de cara feia, o fato é que ele não faz muito o tipo gregário.
Por essas e por outras e também por nunca ter deixado uma marca qualquer que identifique o seu estilo, não se vê por aí ninguém que diga que é "serrista".
Apesar de tudo, pode ser que a contagem dos correligionários o anime a formar mesmo um novo partido. Na situação em que ele se encontra, uma Kombi com meia lotação é como se fosse um Maracanã de gente.
Se, porém, concluir que não conseguirá reunir os apoios imprescindíveis a essa corajosa aventura, certamente ele exigirá que seus companheiros tucanos lhe reservem uma posição digna de suas plumas venerandas.
Um lugar onde seu estridente crocitar soe pelo menos parecido com o charlar ininterrupto de seus pares.

Um comentário:

  1. Apesar de o Brasil ter muitos partidos e eu particularmente acho isso péssimo, vai ser bom ver o Serra criar um novo partido. Aí nós vamos ver realmente os verdadeiros representantes da ultra direita retrógrada e sórdida, do racismo, da homofobia, da massa cheirosa da elite que detesta pobre e nordestino e com apoio até do Papa que no final da campanha tentou dá uma força pro Serra.

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