terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Mais armas na crise

Matéria no site da Deustche Welle mostra que, enquanto o mundo sofria os solavancos da crise econômica, um setor passou incólume pela recessão: o de produção e comércio de armas.
Estudo do Instituto Internacional de Pesquisas para a Paz de Estocolmo (Sipri), divulgado  na Suécia, revelou que a venda de armamentos cresceu 8% em 2009, segundo ano da crise financeira mundial. O levantamento é divulgado anualmente. Segundo dados reunidos pela entidade, os negócios feitos pelos fabricantes de armamentos atingiram um volume de US$ 401 bilhões naquele ano, com um crescimento de US$ 14,8 bilhões em relação a 2008.
A explicação para essa elevação, segundo a especialista do Sipri Susan Jackson, não foge do usual. "Os gastos do governo dos Estados Unidos em bens e serviços militares são um fator-chave para o aumento nas vendas de armas pelas fabricantes norte-americanas e pelas empresas europeias ocidentais com um pé no mercado norte-americano."
Já Jan Grebe, especialista do Bonn International Center for Convertion, o Bicc, apresenta outras explicações. As pressões sobre os orçamentos militares de países europeus e dos Estados Unidos levaram as fabricantes a dar mais atenção a outros mercados. "Esse quadro levou as empresas a exportar ainda mais para outros países não europeus, para que conseguissem vender essa quantidade", avalia. Esse comércio, apesar das restrições políticas, não é difícil porque há nações aptas a gastar grandes somas em compras de armas, argumenta.
Grebe cita os mercados emergentes e os produtores de petróleo do Oriente Médio. "O Brasil está comprando grande quantidade de armas (tanques alemães e submarinos franceses), que só podem ser pagas porque o país tem recursos financeiros disponíveis e vontade política para gastar esse dinheiro na modernização de suas Forças Armadas", diz o especialista. Na verdade, Grebe deve ter sido entrevistado antes do anúncio dos cortes orçamentários determinados pela presidenta Dilma Rousseff. As Forças Armadas serão atingidas e alguns programas de modernização podem sofrer atrasos consideráveis, como a compra dos 36 caças para a FAB.
A China, que tem exercido um papel protagonista em quase todos os assuntos internacionais, não aparece na lista das cem maiores fabricantes de armas feita pela organização sueca.
Mas isso não se deve ao fato de os chineses não produzirem armamentos, pelo contrário: o Sipri observa que há empresas no país com forte potencial para figurar entre as cem maiores do mundo. No entanto, a falta de dados comparáveis e suficientemente precisos impede que a organização avalie a situação chinesa.
E ainda: "Há empresas em outros países, como o Cazaquistão e Ucrânia, que podem ser grandes o suficiente para aparecer entre as cem mais se os dados estivessem disponíveis, mas isso é menos provável", diz o Sipri em nota.
Entre as cem fabricantes listadas pela organização com base em Estocolmo, 45 estão em solo norte-americano e são responsáveis por 61,5% das vendas contabilizadas no estudo. Cinco empresas alemãs aparecem na lista, nas posições 32º, 50º, 53º e 82º. A maior delas, Rheinmetall, faturou US$ 2,64 bilhões em 2009 com vendas de armamentos.
Além das alemãs, 28 outras empresas europeias são mencionadas entre as maiores, localizadas em países como Finlândia, França, Itália, Noruega, Espanha, Suíça, Suécia e Reino Unido. Juntas, elas geraram US$ 120 bilhões em 2009.
Dez companhias do ranking estão localizadas na Ásia e cinco no Oriente Médio – Israel, Kuwait e Turquia. Na lista do Sipri não aparecem indústrias localizadas na América Latina ou na África.

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