Sem regras

A confusão que a Globo, a CBF e alguns cartolas estão promovendo no futebol brasileiro pode custar caro para os torcedores e os clubes.
Embora muitos não achem, futebol é coisa séria no Brasil. Ou deveria ser. É algo (esporte, negócio?) que mexe com dezenas de milhões de pessoas, dá emprego para um sem número de indivíduos, movimenta uma soma quase incalculável de dinheiro.
Ao patrocinar o caos, como cada vez mais fica evidente nessa "rebelião" dos clubes contra a entidade que os representa na negociação de contratos dos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro, Globo e CBF desprezam princípios básicos de ética e moral, e atentam contra valores basilares de qualquer democracia que se preze, como, por exemplo, a livre concorrência.
Os sinais de que alguma substância fétida está sendo contrabandeada nos subterrâneos do futebol brasileiro, passando de mão em mão e contaminando tudo à sua volta, são mais que evidentes.
O comportamento errático de alguns cartolas, que dizem uma coisa hoje e fazem o inverso no dia seguinte, não deixa margem para dúvidas que estão sendo "convencidos" por razões além das palavras e da lógica.
Os clubes de futebol são, todos sabem, entidades altamente propícias a esse tipo de atividade. Com poucas exceções, são dirigidos por "abnegados" que transitam com imensa facilidade entre as linhas tênues da moralidade - e da legalidade.
São, portanto, presas fáceis de organizações poderosas e milionárias, como a Globo e a CBF, que têm, pela sua exuberância, muito a perder.
O processo de destruição do futebol brasileiro segue célere.
Seria conveniente que as autoridades - Ministério Público, órgãos de defesa do consumidor e anticartel, por exemplo - interviessem com a máxima urgência. O assunto, queira ou não essa minoria que assiste ao futebol apenas no mês da Copa do Mundo, pode ser considerado de máxima prioridade.
Ao contrário do que diz o poeta, nenhuma flor pode brotar do caos.