A China bate recorde atrás de recorde. Já é a segunda maior economia do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. Caminha com rapidez para ser a maior potência mundial. Seu modelo de desenvolvimento, contudo, não é possível de ser replicado: as características do imenso "Império do Centro" são únicas, nenhum país possui mão de obra tão imensa, especializada e barata. Tampouco a disposição de sacrificar muitos dos mais arraigados valores ocidentais em troca da segurança material. É um outro mundo.
Às vésperas da visita do presidente Hu Jintao ao seu colega americano Barack Obama, a China fez questão de anunciar que, em 2010, os investimentos estrangeiros atingiram a marca de US$ 105,7 bilhões, a mais alta de sua história, o que significa um crescimento em relação ao ano anterior de 17,4%. Além disso, os bancos estatais da China ultrapassaram o Banco Mundial em créditos concedidos a países em desenvolvimento, segundo pesquisa feita pelo jornal "Financial Times".
Segundo a reportagem, o Banco Chinês de Desenvolvimento e o Banco de Importação e Exportação Chinês emprestaram US$ 110 bilhões a governos e empresas de países em desenvolvimento em 2009 e 2010. A soma ultrapassou os US$ 100,3 bilhões disponibilizados pelo Banco Mundial, entre meados de 2008 e meados de 2010, como resposta à crise financeira mundial. As condições oferecidas pelos chineses seriam mais favoráveis do que as do Banco Mundial, diz o "Financial Times", e contariam com forte apoio de Pequim.
A economia que mais cresce no globo quer aumentar sua influência no mundo desenvolvido. Seguindo esta estratégia, o Banco Comercial e Industrial da China (ICBC, do inglês) anunciou que abrirá cinco novas agências na Europa.
Além das agências já existentes em Londres, Moscou, Luxemburgo e Frankfurt, o ICBC oferecerá serviços também em Amsterdã, Bruxelas, Paris, Madri e Milão. O presidente do banco, Jiang Jianqing, disse que quer estreitar os laços com os parceiros europeus. "É uma época muito boa para se entrar e investir na Europa", disse.
No entanto, mais do que o ingresso no mercado europeu, o ICBC serve como uma referência para seus clientes que buscam investimentos na Europa, aponta Alistair Milne, da Cass Business School, em Londres. Afinal, a China é a maior parceira comercial da Europa e as exportações chinesas para o continente europeu totalizaram US$ 398 bilhões em 2010. "O ICBC está abrindo agências na Europa para ajudar as companhias chineses e seus clientes, e dar a eles um alcanço geográfico apropriado. Eles não estão atacando o cliente doméstico dos bancos europeus", comentou Milne.
Para Horst Löchel, professor da China Europe International Business School, em Xangai, o ato aparentemente insignificante pode fazer parte de algo muito maior. "Há um ditado na China: cada história começa com seu primeiro passo, e esse é seu primeiro passo. É um passo muito pequeno, claro, mas é um passo numa direção." O professor, que também leciona na Frankfurt School of Finance and Management, adiciona: "O próximo passo será a abertura de mais agências e, provavelmente, investir em alguns bancos europeus." O governo chinês detém a maior parte do ICBC, que tem cerca de 160 agências no exterior. (Com informações da Deutsche Welle)
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