Jornalismo de fofocas

Sem muito para falar nos últimos dias, parte da imprensa brasileira tem praticado, na área política, um jornalismo  que cairia melhor na seção de entretenimento, aquela dedicada às fofocas de "celebridades". A frivolidade ganha  ares de denúncia com tal facilidade que o leitor não fica sabendo se aquilo que lê é para levar a sério ou simplesmente para rir.
Tome-se o exemplo das férias que o ex-presidente Lula passa com sua esposa Marisa num forte do Exército em Guarujá. O caso foi tratado como se eles tivessem viajado para o mais luxuoso resort do mundo às custas dos esvaziados cofres governamentais, numa prova inequívoca de que Lula não passa de um político corrupto como qualquer outro por aí. O ministro da Defesa, Nelson Jobim, bem que tentou pôr as críticas em seu devido lugar, taxando-as de "ridículas" e informando que Lula e esposa lá estavam por convite do Exército.
Quem pensou, porém, que a intervenção ministerial foi suficiente para apaziguar as férias do ex-presidente se enganou redondamente. A suíte - como se chama no jargão jornalístico a repercussão da notícia - foi ainda mais ridícula: baseada em informações colhidas pelo site Contas Abertas no Siafi, o Sistema Integrado de Informações Financeiras do Governo, a Folha denunciou que os militares compraram - pasmem! - secadores de cabelos, geladeiras e até panelas, para o tal forte no Guarujá. Um escândalo!

O lado bom de tudo isso, pelo menos para o governo, é que a imprensa nativa dá mostras evidentes que, com a sua opção pelo jornalismo de fofocas, será, cada vez menos, uma fonte de agitação no campo político.
Um problema a menos para Dilma, portanto.