quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Todas as cores

Um dos últimos bastiões da "elite" do Brasil começa, lentamente, a respirar ares contemporâneos: o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, assinou portaria que institui a reserva de vagas para candidatos negros no concurso de admissão à carreira de diplomata, realizado pelo Instituto Rio Branco.
A diplomacia brasileira é, historicamente, local reservado à "elite" do país e, como se sabe, a nossa "elite" tem pele bem clarinha. Com a medida, o Itamaraty pode, dentro de algum tempo, ser de fato uma instituição representativa do Brasil. Por enquanto, os estrangeiros que conhecem o país apenas pelos seus diplomatas têm a impressão que ele é um enclave europeu na América do Sul.
Segundo a nova regra, que valerá para o concurso do primeiro semestre do ano que vem, serão abertas 30 novas vagas para negros que passarem para a segunda fase. Atualmente, 300 candidatos são classificados para a segunda etapa de provas. Agora, 330 participarão dessa fase, sendo 30 deles negros.
Ao todo, o concurso é composto de quatro etapas. A primeira é de múltipla escolha. Na segunda etapa, é aplicada uma prova de português e, na terceira, questões dissertativas sobre vários assuntos. A última prova é de línguas.
A portaria assinada pelo ministro Celso Amorim dá continuidade ao Programa de Ação Afirmativa do Instituto Rio Branco, iniciado em 2002, que concede bolsas de estudo a candidatos afrodescendentes, com o objetivo de auxiliar na sua preparação para o exame de admissão ao instituto. Até o momento, 198 candidatos negros foram beneficiados pelas bolsas de estudo, dentre os quais 16 foram aprovados no concurso de admissão à carreira de diplomata.
De acordo com o Itamaraty, no primeiro semestre, deverão ser chamados para o curso de formação de diplomatas 26 candidatos que passaram nas quatro fases do último concurso.

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