sábado, 2 de outubro de 2010

Não vi, mas me contaram

Um ex-diretor de redação do Estadão, sujeito tão empolado que era chamado de "senador" pelos seus cupinchas, costumava, quando, nas raras vezes que elogiava algum repórter, dizer, alto para todos ouvirem:
- Não li, mas me contaram...
Claro que fazia isso para mostrar uma espécie de superioridade intelectual em relação ao seu subordinado. Um homem como ele, tão acima dos outros, não tinha tempo a perder com leituras tão frívolas. Como o mundo dá tantas voltas, hoje, longe do poder dos tempos do Estadão, ninguém perde tempo com as bobagens que escreve.
Me lembrei desse sujeito ao ler hoje sobre o debate da Globo, que não assisti. Mas pelo que li, parece que se frustrou a última oportunidade de Serra arranjar os votos necessários para passar ao segundo turno. Não houve nenhuma declaração bombástica, nenhum embate que tenha resultado em mortos e feridos. Foi tudo muito anódino, dizem.
Dizem ainda que entre hoje e domingo alguma baixaria, a tal da bala de prata, pode ser disparada contra a favoritíssima Dilma Rousseff.
Acho isso altamente improvável, mas não impossível.
Afinal, estamos lidando com gente cujos valores éticos e morais estão abaixo da linha da cintura, gente que é capaz de tudo para impedir a vitória governista.
Gente que já instigou, conspirou e finalmente deu um golpe de Estado no já longínquo 1964, que resultou nos anos mais sombrios da história do país.
Esses anos eu vi, não precisei de ninguém para me contar como foram.

Um comentário:

  1. È uma pergunta que não quer calar: Por que o Serra não falou de censura, de democracia, de autoritarismo... Isso dá margem a conjecturas. Terá alguma ligação com o "Gilmar Mentes"? Com a censura do Paraná? Ou tem mais coisa que inibiu a sua manifestação? Eu achei a Dilma muito tranquila. Cartas na manga?

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