quinta-feira, 14 de outubro de 2010

A falsa cordialidade


Já é mais que evidente que a estratégia da oposição para levar a presidência é fazer uma campanha completamente despolitizada, na base da exposição de todos os mais baixos preconceitos contra a candidata governista.
Embora isso não seja inédito na história brasileira, pois em todas as eleições de que participou Lula sofreu um bocado com esse tipo de ataques, desta vez assusta a violência com que eles são feitos.
A disseminação do uso da internet ajudou nesse processo, mas também fora do mundo virtual a baixaria atinge proporções dramáticas. Templos religiosos, por exemplo, que deveriam ser locais para o exercício da tolerância, viraram centros de propagação do ódio.
Estudiosos do assunto garantem que esse processo eleitoral é uma simples transposição para terras tupiniquins do que fizeram os ultraconservadores nos Estados Unidos, na tentativa de impedir Barack Obama de ganhar a eleição presidencial.
Pode até ser. Mas isso pouco importa. O que deve ser ressaltado é o fato de que a virulência da campanha apenas demonstra como o Brasil está longe de ter a cordialidade cantada em prosa e verso por tantas pessoas.
Somos, isso sim, um povo que carrega um grau imenso de recalques, medos, frustrações e preconceitos, que só não vêm à tona completamente e de modo avassalador porque, de algum modo, as necessidades mais básicas da população são atendidas.
Há ainda um longo e exaustivo caminho para que todo o país se impregne dos ares da democracia.
As eleições são parte dessa trajetória. Para o bem ou para o mal elas nos ensinam grandes lições.

Um comentário:

  1. A elite econômica brasileira não é nem nunca foi cordial, muito pelo contrário.
    Isso é apenas um mito falso e enganador, para iludir, para disfarçar seu profundo egoismo assassino.
    Não pode ser cordial a elite do último país do planeta a abolir a escravidão, aboli-la oficialmente já em muitas propriedades nos grotões ela ainda perdura mais de um século após.
    Não pode ser cordial uma elite que se encastela na Casa Grande, nos condomínios de luxo, fechados, as custas do injusto descompasso de oportunidades e de condições de vida, mantendo o povo na Senzala social e na ignorância.
    Não pode ser cordial uma elite econômica atrasada que não quer abrir mão nem de uns míseros anéis, não admite qualquer distribuição de renda, faz e incentiva até os mais baixos e vis ataques para obter dividendos eleitorais.
    Cordial mesmo aqui somente parte dos pobres e dos remediados que quando podem se dão as mãos, e olhe lá.

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