quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Carolices


Feita a descoberta de que um tal "voto religioso" tirou a vitória de Dilma Rousseff no primeiro turno da eleição presidencial, só se vai ouvir falar de agora em diante sobre questões secundárias para o desenvolvimento do país. Como o tema do aborto, por exemplo, que deveria ser tratado no âmbito da saúde pública, mas que virou um assunto religioso.
Parece uma competição para ver quem é mais carola, Serra ou Dilma.
E isso ocorre num país cuja Constituição estipula a separação entre Estado e Igreja, uma nação onde a religião deveria estar lá no seu canto, quietinha, sem se misturar com os negócios de governo.
Claro que a gente sabe que isso é impossível no Brasil, pela sua história e cultura. De qualquer forma, não é bom que surja, impulsionada pelos ânimos eleitorais esquentados, uma "onda religiosa" para atrapalhar ainda mais a construção de uma democracia sólida no país.
E antes de encerrar esta microcrônica, uma palavrinha a mais sobre o aborto: acho quem nem o Estado, nem a Igreja, nem ninguém deve decidir sobre a gestação, a não ser a própria mulher.
A função do Estado é de simplesmente prover os meios necessários para atender a pessoa que deseja fazer o aborto - e ponto final.
Quanto à Igreja, seu papel deveria ser apenas o de transmitir a seus fiéis seu ponto de vista sobre o tema.
O mundo seria bem mais simples se cada um soubesse qual é o seu lugar nele.

Um comentário:

  1. Apoiado em gênero, número e grau.
    Acho que Dilma não deveria fazer concessões de espécie alguma.
    Acredito que a justiça eleitoral deveria proibir formalmente eclesiásticos, enquanto lideres de confissões religiosas, de se manifestar a respeito de como ou em quem devem votar seus fiéis.
    Deveria existir cadeia para isso, somos ou não um país laico?
    Chega de curral religioso-eleitoral!

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