segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Caem as máscaras

Todas as baixarias desta campanha eleitoral servem ao menos para uma coisa: explicitar de forma inequívoca o ódio de classes existente no Brasil.
Ele se manifesta com todas as letras nessas correntes de e-mail mentirosas e difamatórias que correm a internet; nesses panfletos imundos que são colados nas madrugadas em postes públicos; nas pregações aterrorizantes de religiosos fundamentalistas; nas conversas preconceituosas de burgueses ou classe-médias inconformados com a mobilidade social; nas frases cavilosas de políticos de baixíssimo clero; em artigos furtivos de jornalistas de resultados em jornalões e pasquins; nas atitudes arrogantes de uma elite que teme, apavorada, ver a gentalha tomar conta de aeroportos, hotéis, restaurantes, supermercados, cabeleireiros, shopping centers, rodovias, ruas bem pavimentadas de bairros chiques e agências bancárias, e, pasmem!, preferir empregos com carteira assinada ao velho e bom trabalho de empregadas domésticas.
O histerismo que toma conta dessas pessoas, com a defesa radical e irracional de um candidato que nada oferece ao seu eleitor a não ser uma biografia inventada e alguns slogans absolutamente vazios, e o ataque vil e infame contra sua adversária, é um sinal que algo mudou neste país.
Ver tanta gente que até outro dia permanecia completamente apática, como que vivendo sob o efeito de uma droga da felicidade que obscurecia todo o sentido da realidade, funciona como uma aula de história: como em outras vezes, em outros lugares, algo muito grave, muito profundo, uma revolução, talvez, está para acontecer.
E assim, esses indivíduos se engajam num salve-se-quem-puder mais que atônito, desesperado, deixando de lado todos os antigos pudores, todos os ritos de sua classe, todas as "boas maneiras" aprendidas nos melhores colégios que o dinheiro pode pagar, para exibir essa face horrível, essa boca cheia de dentes selvagens e capaz de proferir os mais torpes impropérios.
Sem as caras roupas de grife a cobrí-los, eles não são nada.

7 comentários:

  1. Olá, amigo! Bem, gostei tanto desse artigo que irei publicá-lo amanhã no meu blog. Um abs!

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  2. Valeu, Nilson, obrigado!
    Um abraço do amigo.
    Motta

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  3. Motta, todos seus artigos são brilhantes, por isso estou aqui todos os dias.
    Mas o de hoje realmente superou.
    Vou enviar a todos meus amigos.
    Parabens. Precisamos muito de pessoas como você.

    um beijão
    mirtes

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  4. Oi, Mirtes, obrigado pela "audiência".
    Apenas contribuo como posso para que a internet seja um amplo espaço democrático.
    Bj.
    Motta

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  5. Ler vc hoje foi um "alento" diante da escrita horrenda do Estadão que eu recebi via e-mail de um pseudo amigo. Minha resposta a ele será as suas palavras. Obrigada.

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  6. Muito bom texto. Sucinto, deixa claro quem são estes abutres que associam o neo liberalismo retrógrado ao medievalismo virulento da TFP. Estes precisam ser extirpados da nossa história. A burguesia que ache outro discurso, por que este do Serra leva a barbárie e o povo quer o desenvolvimento que o programa da Dilma oferece.

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  7. Perfeito, você apontou precisamente o grande ensinamento político desta eleição: a luta de classes que se mantinha subterrânea e disfarçada enquanto as massas se mantiveram cordatas, se revelou agora em toda ferocidade das classes dominantes.

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