sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Pré-capitalismo


Nada como exemplos práticos para desmascarar um discurso mentiroso. É o caso dos jornalões, que gastam páginas e mais páginas para professar a fé mais cega na democracia, na liberdade de expressão, de imprensa, em princípios constitucionais e coisa e tal.
Tudo papo furado. O que pregam em público, não fazem privadamente. Para eles a lei só é boa quando os favorece. Vide como atuavam antes de a exigência do diploma de jornalismo para o exercício profissional cair, por pressão deles - muitas empresas já não estavam nem aí para a legislação e contratavam quem quisessem.
Outro dia mesmo, o sindicato dos jornalistas de São Paulo resolveu fazer uma consulta para ver se a categoria aceitava a vergonhosa proposta patronal de reajuste - na prática, os patrões ofereciam menos que a reposição da inflação, ou seja, queriam arrochar os salários na maior cara dura.
Pois bem, como ninguém vai nas assembleias, o sindicato foi até as redações fazer uma espécie de plebiscito, uma votação para ver quem aprovava a proposta patronal e quem a rejeitava. Coisa simples, rápida, que não deveria ser causa de nenhum temor nesses empresários que se dizem liberais, bonzinhos, preocupados com o bem-estar de seus funcionários etc, etc.
Mas não é que o Estadão, esse incansável defensor da moral e dos bons costumes, não deixou a rapaziada do sindicato entrar em suas "dependências"? Até nas redações da Folha e da Abril a votação foi feita...
O acordo salarial dos jornalistas de São Paulo continua empacado. O que se diz é que isso ocorre por culpa do Estadão, que se mostra inflexível em negar a concessão de aumento real - é sempre bom lembrar que este ano mais de 90% das categorias profissionais têm tido reajustes maiores que a inflação.
Essa não foi a primeira vez que o Estadão agiu assim. No ano passado fez a mesma coisa. Em outras ocasiões, também. O mesmo já ocorreu na Folha, na Abril, e em outras conceituadas redações paulistanas.
O que dizer, então, dessa gente que desconhece os mínimos direitos dos trabalhadores, que age como se estivesse vivendo no período pré-revolução industrial, no pré-capitalismo?
É essa gente que quer dar lições sobre democracia ao povo brasileiro?

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