quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Medo de comício


Quase toda foto de José Serra mostra o candidato presidencial da oposição ou tomando cafezinho, ou cumprimentando algum lojista, ou falando em alguma associação de classe, ou visitando algum evento, geralmente em recinto fechado. São apenas ações para serem registradas pela imprensa ou para uso em sua propaganda de televisão. Até agora, nenhum fotógrafo foi capaz de mostrá-lo no alto de um palanque, num comício, falando para a multidão, por uma simples razão: o ex-governador paulista não participou de nenhum comício em sua campanha.
O fato é emblemático. Prova o quanto o seu partido e os que o apoiam estão separados do povo, se mantêm alheios às manifestações de massa e desprezam a importância da chamada sociedade civil organizada.
Em resumo, expõe o que é o conglomerado tucano: uma agremiação política sem raízes populares, que toma suas decisões nos gabinetes, fundamentalmente elitista e profundamente divorciada da opinião popular.
Sempre foi assim. Para quem não se lembra, o PSDB nasceu como dissidência do PMDB, que era controlado por Orestes Quércia. Seus quadros iniciais se compunham da "intelectualidade" do partido, que vivia em constante choque com o estilo popularesco e mandão de Quércia.
Com a divisão, os tucanos ficaram com a cabeça e os peemedebistas com o resto do corpo partidário. Tentaram, ao longo do tempo, uma social-democracia sem povo, que resultou nisso que se vê hoje, esse caldo ralo de preconceitos que sustenta a ideologia do partido.
A crítica ao fosso entre tucanos e os movimentos populares foi feita muitas vezes por vários integrantes da agremiação. O problema é que agora é tarde demais para corrigir essa grave falha: a eleição está aí e a derrota dos tucanos parece inevitável.
Dela, muito provavelmente, surgirá outro PSDB, mais raquítico, mais fraquinho. Talvez por isso mesmo o partido conclua que deva deixar a soberba de lado e ouvir, um pouco só, os mais humildes, o zé-povinho que tem solenemente ignorado ao longo de sua existência.
A partir daí, quem sabe, seus candidatos percam esse medo patológico dos comícios.

Um comentário:

  1. Correta sua observação. Mas estou a uma semana (ou desde as acusações do Serra sobre o tal vazamento) acompanhando os comentários do JN, e notei que eles enquadram sempre o Zé, a Marina rodeados de gente, enquanto a Dilma está sempre sozinha, cara, alguém tem que inverter o posicionamento da Dilma, pois incomoda ve-la sempre só, eu acho que os estrategistas da campanha estão dando milho pra bode.

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