Os metalúrgicos estão conseguindo reajustes quase duas vezes superiores à inflação. As montadoras veem que é melhor dar esse aumento do que ficar sem produzir devido a uma greve.
E enquanto essa categoria honra a sua história de lutas, os jornalistas de São Paulo estão há três meses assistindo seu sindicato tentar arrancar migalhas do patronato.
A última notícia dessa negociação dá conta de um incrível avanço: os patrões concordaram em repor a inflação acumulada de junho de 2009 a junho de 2010, 5,3% segundo o INPC, e conceder 0,5% de aumento real para o piso da categoria!
Pelo que se ouve nas rodas de café, é bem capaz de os jornalistas acabarem aceitando essa miséria. Afinal, não têm nenhum poder de pressão, não são capazes nem de ir às raras assembleias que o sindicato convoca, nem de parar simbolicamente o trabalho por um minuto, nem de mover um músculo para mostrar aos patrões que estão insatisfeitos - mas será mesmo que estão?
Falar em greve, então, é tabu entre eles. A última paralisação foi em 1979. De lá para cá, a categoria mudou tanto que o pessoal que hoje trabalha nas redações e assessorias não sabe nem para que serve um sindicato, acha que seus míseros aumentos anuais são um favor, uma concessão, do patrão.
Os jornalistas estão, é duro dizer isso, entre as mais despolitizadas categorias profissionais. Não têm consciência de seu papel na sociedade, são apenas um bando de tarefeiros, cumpridores de pautas, incapazes de refletir sobre a imensa responsabilidade do que fazem.
Um dia alguém vai se aprofundar nesse assunto e, quem sabe, produzir alguma tese acadêmica para explicar porque essa profissão, antes tão importante, virou esse caldo ralo e insípido que é hoje, cada dia mais intragável.
Até lá vou contando os dias para a aposentadoria...
Bateu duro, mas, não mentiu em nada. Realmente, essa deveria ser a, ou, uma das, categorias mais politizadas e conscientes de que são, de fato e de direito, o quarto poder instalado. Ou, instaurado?
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