domingo, 22 de agosto de 2010

Esquerda, volver

Como a "grande" imprensa praticamente ignorou o encontro, vale a pena registrar o encerramento do 16º Foro de São Paulo, realizado na Argentina. O Foro é uma reunião de partidos e ONGs de esquerda da América Latina e do Caribe que discute alternativas às políticas emanadas pelo Consenso de Washington para a região.
O documento final do Foro deste ano foi centrado em críticas ao "fragilizado imperialismo dos Estados Unidos" e ao neoliberalismo.
O documento foi aprovado por consenso pelos representantes de 23 países latino-americanos e caribenhos e de 54 partidos políticos e ONGs e apresenta uma série de propostas de conteúdo político e social, além de denúncias sobre o colonialismo e as intervenções na soberania nacional de países latino-americanos.
O Foro recomendou, por exemplo, que os governos latino-americanos levem à ONU o debate sobre a autodeterminação e independência da população de Porto Rico, território autônomo dos Estados Unidos localizado no mar das Caraíbas. De acordo com o documento, "a falta de soberania é um impedimento para a plena integração latino-americana e caribenha e para a geração de alternativas econômicas".
O documento também critica as bases militares americanas na Colômbia, uma vez que elas "contribuem para desestabilizar a América Latina e o Caribe, incrementando a violência e a apropriação de terras pertencentes a comunidades indígenas, afrodescendentes e camponeses".
Além disso, afirma que "a direita, na Colômbia, utilizou todo seu aparato propagandístico para manter-se no governo. Juan Manuel Santos representa um substituto confiável ao regime político tradicional e belicista, ao governo dos Estados Unidos e aos interesses americanos na região, apoiados pelo ex-presidente (Álvaro Uribe)".
Apesar do voto de confiança em Santos, o documento diz que "o povo colombiano e seus irmãos da América Latina nada podem esperar de um novo governo que promove leis contra os direitos sociais e intensifica a exploração dos recursos naturais, além de continuar com a política de segurança e guerra no interior no país. Qualquer conquista será ao custo de dura luta e de mobilizações contundentes". O Foro manifestou solidariedade e respaldo à oposição política colombiana que luta "pela democracia, pela paz, pela verdade, pela justiça e pela reparação".
A democratização da comunicação foi outro tema discutido no Foro. O documento final afirma que a comunicação deve ser valorizada como um direito humano, e não como uma mercadoria, e já se tornou um tema constante da agenda de muitos países da América Latina. Diz ainda que é necessária a existência de uma "pluralidade e diversidade de vozes e que o Estado exerça papel de protagonista nessa tarefa, com a formulação de políticas públicas e colocando limites à concentração dos meios de comunicação".
O documento diz ainda que as organizações sociais e as diversas estruturas políticas da América Latina do Caribe devem construir uma rede de meios próprios de comunicação para que exista a integração regional. "Neste sentido, torna-se prioritária a elaboração de conteúdo próprio e maior coordenação entre as organizações e os seus meios de comunicação no que se refere aos trabalhos que se realizam em cada país, socializando os sites na internet como um local onde se pode encontrar informações confiáveis", diz o documento.
Desde o primeiro dia de reuniões do foro, o secretário geral e integrante da executiva do Partido dos Trabalhadores (PT), Valter Pomar, afirmou que a entidade não teve e não tem ligação com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e que poderia repetir essa afirmação inúmeras vezes, "como se fosse um mantra".
A 17ª reunião do Foro de São Paulo será no ano que vem em Manágua, capital da Nicarágua.
(Com informações da Agência Brasil)

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