Papo furado

O governador paulista, Alberto Goldman, deu agora de manhã uma entrevista para a rádio Bandeirantes. Era para falar sobre esse fiasco que está sendo a participação de São Paulo na Copa do Mundo de futebol de 2014: a cidade é a única das sedes que ainda não tem estádio definido, pois o projeto de reforma do Morumbi foi vetado pela Fifa.

Goldman falou o que quis: meteu o pau no governo federal por pretender construir o trem-bala entre Campinas e Rio, disse que a capital está uma beleza, prontinha para a Copa, e que o maior problema para a realização do evento é o estado dos aeroportos - mas que isso é da competência do governo federal.

Ou seja: Goldman aproveitou os generosos minutos que lhes foram concedidos para desancar a União e fazer propaganda das administrações paulista e paulistana, na maior cara dura.

Não deu nenhuma informação relevante sobre o que está sendo feito para resolver o que, na verdade, é o principal entrave para que os jogos da Copa sejam em São Paulo, a falta de um estádio que preencha os requisitos da Fifa.

Desconversou, com aquele seu jeito esquivo, mas não tocou na raiz da questão: a maior cidade do país pode perder a festa de abertura do evento para outra capital, o que, por si só representaria um enorme vexame para as autoridades locais, um atestado de incompetência para as atuais administrações.

Goldman esteve reunido, na quarta-feira, por cerca de três horas com o prefeito Gilberto Kassab e o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, que é o presidente do comitê organizador da Copa. Não se sabe o que resolveram - se é que resolveram alguma coisa -, pois pouco disseram na entrevista coletiva que deram depois do encontro.

Mas se as paredes pudessem falar, certamente iriam revelar coisas do arco da velha. O ar de inocência dos três nas fotos que saíram nos jornais revela muito menos o teor da conversa do que o velho truque dos atores canastrões, que permanecem com a expressão inalterada mesmo quando o mundo se esfacela ao seu redor.

Eles enganam a plateia, não a crítica.