A crueldade do ato, o desrepeito completo às mais elementares noções de respeito aos direitos humanos, a arrogância só vista naqueles que se julgam acima da lei - o próprio desprezo total à lei - mostram que a Polícia de São Paulo passou a atuar como uma verdadeira força paramilitar, seguindo seus próprios códigos e ignorando qualquer controle externo. Agindo, em suma, como um bando criminoso escudado por uma farda.
O relato da mãe do rapaz assassinado pelos policiais impressiona não só por retratar a ação de psicopatas, mas também de uma quadrilha perfeitamente consciente de como deve atuar: se não, como explicar que os quatro agiram da mesma maneira bárbara, sem que nenhum deles tenha sequer esboçado um só sinal de contrariedade contra a monstruosidade do ato?
A palavra final está com as autoridades paulistas. Não basta afastar os criminosos e seus superiores, processá-los e seguir em frente, como se o incidente fosse uma curva fora do ponto. É preciso que o crime sirva como detonador de uma profunda, séria, radical reforma das instituições policiais paulistas.
Compartilho seu sentimento. É um descaso, uma aberração jurídica e moral.
ResponderExcluirNão adianta reduzir esse fato à lógica eleitoral, tentando uma simplificação conversível em votos.
Trata-se de um agudo e sistemático descompasso entre o discurso e a prática. Entre o garantismo constitucional que paira nos tribunais superiores e a carnificina que invade a sarjeta.
A entrevista da mãe, onde ela fala que viu seu filho sendo assassinado e não tinha como chamar a polícia é um soco no estômago.
Nem o direito penal do inimigo é capaz de explicar tanta violência. Qual monstro comanda essa lavagem cerebral e doutrinária que "normaliza" a associação de pobreza com criminalidade?
Acredito que essa situação ainda será revertida. Difícil é saber ao preço de quantas vidas.
Grande abraço e parabéns por esse post. Brilhante como os demais.
Edilson Cordeiro