Na esteira dessas profecias, os jornais destacam o perigo de terríveis pressões inflacionárias, que jogariam o IPCA, o índice oficial de inflação, para acima da meta estipulada pelo Banco Central, de 4,5%, com intervalo de dois pontos percentuais para cima ou para baixo.
Na verdade, o próprio governo não ousa tanto. Os técnicos da Fazenda e do BC acham que o crescimento deste ano ficará na faixa dos 5% - um número excelente para o Brasil, mas longe de representar o perigo alardeado pelos economistas "privados".
Por trás dessa discussão há outras.
Uma: a inflexão de que o país está condenado, irremediavelmente, a ter um limite para o seu crescimento, passado o qual as forças do inferno se abateriam sobre nós.
Outra: a capacidade que o setor financeiro tem de influenciar o Comitê de Política Monetária, o Copom, que estabelece a taxa Selic, que serve de juros básicos, por meio dessas "previsões" supostamente científicas. Em outras palavras: se eu "provo" que o crescimento da economia provocará uma inflação incontrolável, o jeito será o Copom aumentar os juros para esfriar o ambiente. E quem lucra diretamente com juros altos? Um quilo de batatas para quem respondeu que é o sistema financeiro.
Na economia, como em tudo o mais, os dogmas são impostos para serem derrubados. Esse mito de que o país não suporta um crescimento acima de um número mágico qualquer é pura balela, uma jogada que já está ficando manjada e com a qual poucos lucraram muito nesses anos todos.
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