sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Voos ambiciosos

Como o futebol, o noticiário político brasileiro vive da polêmica. É incrível a capacidade que os jornalões têm para descobrir um escândalo, seja lá de que tipo for. Vale tudo: desde a compra de uma tapioca até uma audiência ministerial estranhamente sem nenhum registro - ou um grampo sem áudio.
Alguns vão dizer que esse é o preço que se paga pela liberdade de imprensa. Eu já acho que, infelizmente, age-se assim por incompetência, partidarismo ou simples interesse econômico, tudo junto ou separado. Mas talvez esteja errado.
Um exemplo de como funcionam as coisas é este caso da compra dos caças para a FAB. É incrível como alguns jornalistas se esforçam para colocar sob suspeita o processo, distorcendo as informações de maneira tosca, para que ele receba o carimbo de suspeito, no mínimo.
A onda de desinformação começou quando o presidente Lula, no Sete de Setembro do ano passado, recepcionou o colega francês Nicolas Sarkozy e o governo soltou uma nota anunciando que Brasil e França iniciavam um processo de cooperação na área aeronáutica e militar - não havia nenhuma palavra sobre a compra dos 36 Rafale.
Mas foi o que bastou para que a turminha interessada em tumultuar o ambiente começasse a espalhar a conversa que Lula já havia se decidido pelos aviões franceses, com o evidente propósito de intrigá-lo com a Força Aérea - e com as outras Forças, em consequência.
Daí em diante foi uma sucessão de petardos contra a tal escolha, com vazamento de análises técnicas da FAB defasadas, opiniões e achismos de especialistas de toda espécie, numa clara intenção de melar o processo ou então de deixar o presidente Lula numa posição incômoda em relação aos militares, aos Estados Unidos, aos suecos, aos brasileiros de modo geral - afinal, que presidente é esse que ignora laudos técnicos acurados e simplesmente faz o que lhe passa pela cabeça?
O Projeto FX-2, que é como se chama o programa de reequipamento da FAB, porém, para desespero dos arautos do caos, deverá ser concluído ainda este ano. E se Lula optar, como tudo indica mesmo, pelos Rafale, é porque tomou a decisão com base numa gama de aspectos que vai além dos lobbies escancarados que fazem os concorrentes, com o beneplácito "desinteressado" de muitos jornalistas de renome.
E entre os parâmetros para a escolha está a continuidade de uma política diplomática independente e soberana, que tem feito o Brasil se tornar um dos mais importantes protagonistas do jogo de poder mundial.

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