quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Serra no Planalto

Envolvido em dúvidas existenciais do tipo "ser ou não ser" (candidato à presidência), o governador José Serra deve estar sem tempo para fazer seu programa de governo, aquele desfilar de promessas que raramente se concretizam.
Certa vez, cobrado por um jornalista sobre a falta de algo do tipo, o ex-governador Leonel Brizola saiu-se com essa pérola, uma frase que, se não expressa inteiramente a verdade, não está longe dela:
- Programa de governo eu compro na banca da esquina.
De qualquer modo, quem quiser saber o que Serra faria na hipótese de vir a ocupar o Palácio do Planalto basta atentar para a sua obra à frente dos negócios paulistas e paulistanos. Ou escutar o pouco que diz sobre qualquer tema relevante. Afinal, ele não é nenhuma Esfinge, aquela figura mitológica que devorava quem não acertava a charada que oferecia aos viajantes: é apenas um sujeito raso de ideias, mas largo de ambição.
Portanto, há algumas certezas sobre os pontos principais de um governo Serra. Listo abaixo dez deles, que julgo os mais evidentes. E, como toda lista, ela é falha e incompleta.

1) Para baixar os juros, como invariavelmente afirma que vai fazer, o Banco Central terá de perder a independência informal que tem tem hoje.
2) O câmbio não será mais flutuante, se ele cumprir a sua promessa de desvalorizar o real para ajudar os exportadores.
3) Paralisar as obras do PAC, como prometeu o presidente do seu partido, o senador Sérgio Guerra, é uma tarefa difícil, mas não impossível. Para isso terá de quebrar os contratos com fornecedores. Mas ele é bom nisso: fez quando assumiu a prefeitura paulistana e o governo paulista.
4) Outra característica tucana é dar pouca, quase nenhuma, importância aos programas sociais. Assim, com Serra, adeus Bolsa Família, entre outros.
5) Também forte componente do DNA da direita brasileira é, mais que ignorar, criminalizar os movimentos sociais, principalmente os mais combativos.
6) Como boa mente colonizada, Serra vai restabelecer o modelo diplomático que marcou os governos FHC: servilismo total à grande potência do Norte.
7) A aplicação da política externa que atrela os interesses do país aos dos Estados Unidos da América implica recuar completamente no processo de integração da América do Sul, que está sendo liderado pelo Brasil.
8) Serra gosta de uma guerra fiscal. Talvez estimule os Estados a promovê-la, em nome de uma competitividade suicida.
9) A privatização sempre foi e sempre será a marca registrada dos governos tucanos-pefelistas. Portanto...
10) E, por último, uma violenta e brutal "caça às bruxas". Ou se preferirem, a "noite de São Bartolomeu" em plena luz do dia, com a demissão de milhares de servidores para entregar o aparelho burocrático estatal aos apadrinhados de todos os tipos, com o fim dos concursos, terceirização de serviços, criação de cargos de confiança, loteamento de estatais etc etc.

A lista termina por aí, mas como é apenas um exercício criativo, embora embasado na triste realidade do jeito tucano de governar, pode ser ampliada à vontade.
Alguém se habilita?

2 comentários:

  1. Pra quê isso? Isso não vai acontecer! Até o prprio José Serra sabe disso, portanto é melhor nos preocuparmos em garantir que a vontade da maioria seja realmente registrada. Falando em Brizola, lembra do porconsult? Então, agora temos que fiscalizar as urnas e fazer campanha para que os nordestinos de Sampa transfiram o título para lá, ou você acha que eles tem vantagem ali por que?? Dilma 2010 no primeiro turno!

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  2. Isso mesmo. P/ Serra vencer, a direita vai jogar pesado em 2010. Portanto, temos q/ ir à luta c/ todas as armas. Chega de tucanos e pefelistas.

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