Tais tipos se lançam nessas aventuras porque sabem que, de uma forma ou de outra, terão uma visibilidade jamais sonhada em outras circunstâncias. Por meio dela, numa outra oportunidade, poderão cavar um vaguinha numa assembléia legislativa qualquer ou, até mesmo, na Câmara dos Deputados, se beneficiando do chamado "recall". Foi o caso de Enéas, que eleito deputado, nunca deixou o baixo clero, aquela multidão de parlamentares anônimos que bate ponto - quando bate - apenas para receber o polpudo contracheque no fim do mês.
Nesta eleição, a vedete dos nanicos já está escolhido. Trata-se do advogado e engenheiro Mário Oliveira, pré-candidato pelo PTdoB, um dos inúmeros micropartidos formados a partir de programas ideológicos adquiridos na banca de esquina mais próxima.
Mário Oliveira vem usando com sucesso a internet para divulgar a sua candidatura. Mantém sites nos quais expõe a sua plataforma eleitoral e recebe apoios daquelas pessoas que se dizem desencantadas com a política "tradicional", que não fazem distinção entre direita, centro e esquerda, que se julgam politizadas quando são, no máximo, mal informadas.
O candidato do PTdoB fala a língua dessa turma. Mistura no seu caldeirão programático um nacionalismo que privilegia o capital estrangeiro, uma defesa da democracia que exclui os mais pobres, e a construção de um modelo político a partir dos mais surrados pressupostos neoliberais.
Procura convencer o seu público com uma linguagem rebuscada, tingida com um verniz intelectual cheio de citações literárias e de números facilmente recolhidos numa rápida busca do Google.
É bem esperto o sujeito.
Nesses dias em que a oposição brasileira tenta se convencer de que José Serra é a melhor maneira para derrotar o "poste" Dilma Rousseff, o rebuscado e pomposo Mário Oliveira não deixa de ser uma alternativa.
Como diz no editorial de seu Movimento Independente Brasil, "as pessoas de bem se convenceram de que é preciso e urgente mudar e, mais ainda, de que, sim, se quisermos, a Mudança é possível".
As "pessoas de bem" já têm, portanto, um mote e um discurso prontos: mudança, seja lá para onde for.
Mas não é isso mesmo que necessita essa campanha sem rumo e sem prumo de tucanos e pefelistas?
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