quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Vale tudo

Enganou-se quem esperava que a cota das insanidades deste início de ano já tivesse se esgotado com o barulho todo que se faz em torno do 3º Plano Nacional de Direitos Humanos, uma simples carta de intenções que virou, para os arautos do caos, lei transitada e julgada.
O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, contrariando promessa feita à Federação Nacional dos Jornalistas e aos sindicatos da categoria, resolveu editar, no fim do ano passado, norma interna orientando as Secretarias Regionais do Trabalho no processo de registros de jornalistas.
E a orientação é para aceitar o registro, como jornalista, de qualquer pessoa, seguindo o acórdão do Supremo Tribunal Federal, que no ano passado, julgou que o diploma de curso específico não é necessário para o exercício da profissão, cedendo a lobby de anos e anos das entidades patronais.
"A norma do Ministério do Trabalho cria a situação absurda e inaceitável de registros de menores, analfabetos e, até mesmo, criminosos", critica o presidente da Federação Nacional dos Jornalistas, Sérgio Murillo de Andrade, acentuando que a emissão de registros para não diplomados segue o critério zero. "O ministro do Trabalho seguiu literalmente as posições estapafúrdias do ministro Gilmar Mendes que acha que para ser jornalista, basta estar vivo."
A decisão não afeta apenas os jornalistas profissionais diplomados, que se encontram agora inteiramente à mercê da chamada "lei do mercado", segundo a qual sobrevivem apenas os mais afinados com o pensamento do patronato - todo ele concebido em torno de ideias conservadoras, reacionárias, neoliberais, algumas vezes com indisfarçável simpatia pelo fascimo puro e simples.
Perde também, com tamanha imbecilidade, o conjunto da sociedade brasileira, que tem agora motivos ainda mais fortes para desconfiar da qualidade da informação que é transmitida.

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