sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Campo de sonhos


A presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Kátia Abreu, senadora pelo DEM de Tocantins, se emocionou durante discurso da tribuna do Senado, ao comentar as críticas que o ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananais, teria feito ao agronegócio. Segundo ela, Patrus classificou os produtores de escravocratas. A assessoria de Patrus nega e diz que as críticas da senadora não procedem.
Kátia Abreu lembrou os episódios em que os ministros do Meio Ambiente, Carlos Minc, e do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, classificaram os agricultores de “vigaristas” e de “senhores feudais”, respectivamente. No entanto, segundo ela, as palavras de Patrus na Conferência Nacional da Assistência Social, foram as que mais chocaram.
“O ministro Patrus Ananias, diante de 2 mil pessoas ligadas à assistência social, pessoas que têm um trabalho extraordinário pelo país, disse que o trabalhador rural enfrenta a gravidade do trabalho escravo. Afirmou que o Bolsa Família ajudou o trabalhador a enfrentar o patrão para não se submeter ao trabalho escravo. Disse que sem o Bolsa Família os trabalhadores estariam totalmente à mercê do trabalho escravo, que os produtores rurais do país são escravocratas”, discursou, mal contendo as lágrimas.
A senadora lamentou as supostas palavras do ministro e ressaltou que o agronegócio tem sido responsável pelo equilíbrio das contas do país. “Se eles não têm compaixão, admiração, não têm reconhecimento, não importância, nós significamos um terço do PIB, um terço do emprego, um terço das exportações, da economia do país. Em um ano, três ministros. Vigaristas, senhores feudais, escravocratas. Não é mais possível permitir que isso aconteça”, afirmou ela.
Kátia Abreu, no entanto, reconheceu que os agricultores podem ter cometido erros no passado. “Reconheço que todos os setores da economia cometem erros. Todas as pessoas, em todos os lugares, às vezes erram, se equivocam, mas estamos tentando melhorar, estamos buscando consenso. Temos debatido sem descanso. Não temos evitado nem os maiores adversários no diálogo, quer seja na área ambiental, quer seja na área fundiária, quer seja em todos os setores.”
Segundo a assessoria de Patrus, o termo escravocrata estaria ligado às críticas que são feitas ao Bolsa Família, pelas quais os beneficiários do programa ficariam acomodados e não buscariam emprego. O que ele teria dito é que com a renda obtida com o programa, as famílias não precisam se sujeitar a qualquer trabalho. A assessoria acrescentou que o ministro vem de família de agricultores e jamais faria uma crítica nesses termos.
A emotividade à flor da pele da senadora Kátia Abreu se justifica. Pois até os chamados "produtores rurais" estão percebendo que as coisas estão mudando no país. E assim, vale tudo para retardar o que parece inexorável. Derramar umas lágrimas de crocodilo é um pequeno sacrifício que justifica a causa maior: manter todos os privilégios indefinidamente.
Com informações da Agência Brasil

2 comentários:

  1. Moro no Paraná ouço muitos donos de fazenda reclamando que não conseguem mão de obra. Quando pergunto quanto querem pagar para colher café, catar soja (lagartas), apanhar algodão normalmente falam em R$5 a R$ 10 por dia. R$ 25 por semana R$ 100 por mês. Escravocratas sim. Safados sim.

    ResponderExcluir
  2. Equívocos? Os grandes produtores cometem equívocos quando contratam mão-de-obra escrava? Quando pagam uma miséria para terem lucros astronômicos? Eu não chamo isso de equívoco. Mas se ela pensa assim, acredito que o Sr. Patrus está correto.

    ResponderExcluir