terça-feira, 10 de novembro de 2009

A conta dos erros


A decisão da Uniban de revogar a expulsão da aluna que quase foi linchada por uma turba de estudantes, com a complacência de funcionários e professores, apenas corrobora a opinião (quase) geral de que aquilo não é uma universidade, mas um negócio como outro qualquer.
Poderia ser uma concessionária de veículos, ou um supermercado - por acaso é uma instituição de ensino.
Como a nota sobre a reintegração da aluna não explica as razões que levaram a direção da Uniban a tomar essa decisão, é permitido especular que isso se deveu à imensa repercussão negativa do caso. Somadas as colunas de lucros e prejuízos, o dono ficou alarmado - e deu a contraordem.
Os jornais informam hoje que a Uniban cresceu quando mudou o perfil do chamado público-alvo, que passou da classe média para a "classe C menos", tendo, consequentemente, de baixar o valor das mensalidades para captar mais alunos. Inevitavelmente, contratou professores de qualidade inferior.
O que já era ruim ficou, então, pior.
Escolas como a Uniban existem aos montes no Brasil. Nascidas no auge do neoliberalismo, são filhotes desse sistema que não consegue enxergar cidadãos, mas consumidores, e não consegue trabalhar por princípios, mas por metas.
Como estão ainda presas ao passado e têm a esperança de que o futuro seja uma volta aos bons tempos em que tudo era permitido, expõem-se hoje a toda sorte de contradições inerentes a uma sociedade em contínua transformação.
Se não mudarem e passarem a ser realmente escolas e não fábricas de diplomas, vão acabar fechando, dando lugar a empresários mais inteligentes. Como deve ser no capitalismo verdadeiro, não esse arremedo que a Uniban gostaria que sempre existisse.

2 comentários:

  1. É Motta, ao invés das universidades "abrirem a cabeça" dos estudantes, elas acabam "fechando a cabeça" por questões mercadológicas. O que importa para as universidades (principalmente as pagas) é que o sujeito saia com a cabeça voltada para o mercado e para ganhar dinheiro. É lógica neoliberal invadindo permeando o campo acadêmico. As universidades deveriam dar lições de cidadania, visões de sociedade e de mundo. Ao invés disso, criam estudantes fascistas onde a pluralidade não existe, taxando o que é diferente.

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