sábado, 28 de novembro de 2009

Coisa de louco


No meu meio século e um pouco de vida já conheci, trabalhei e convivi com alguns tipos que me assustavam. Faziam coisas entre a irresponsabilidade, a maldade e o exibicionismo, coisas que dificilmente a grande maioria de nós era capaz de fazer.
Dou alguns exemplos.
Um deles era um mentiroso contumaz. Mentia sem perceber que quem o escutava já sabia que ele estava contando uma lorota. Acho que ele até acreditava nas suas invencionices.
Outro era um pai de família respeitável, bem educado com a vizinhança, boa praça mesmo. Só que havia acabado de sair da cadeia por ter chefiado um bando de assaltantes que aterrorizara algumas cidades do interior e chegara mesmo a matar um comerciante.
Um terceiro, que trabalhou comigo, era um sujeito inteligente, também bom chefe de família, conhecido por todos na cidade. Só que vivia enroscado em problemas como passar cheques sem fundos, dar pequenos golpes no comércio e coisas afins.
Havia também o consumista compulsivo, que torrava tudo o que ganhava em bobagens, mas morava em casa alugada. Esse também gostava de contar vantagens, era um garganta que fazia sucesso com as pessoas que não o conheciam.
Recentemente, li um livro que me emprestaram que alertava para a gente tomar cuidado com tipos assim, sedutores, com boa conversa, que vão ganhando no papo os que convivem com ele.
Acontece que, quando menos se espera, eles dão o bote, como um predador caça a vítima, colocam seus amigos, familiares, namorados, amantes, seja quem for, em situações absolutamente constrangedoras - para dizer o mínimo.
Eles passam por cima de tudo para chegar onde querem, para atingir seus objetivos.
A autora, uma psicanalista ou psicóloga brasileira, cujo nome esqueci, é peremptória em afirmar que tais sujeitos na verdade são psicopatas e deles deve-se fugir como o diabo foge da cruz.
Não tenho condições para dizer se o diagnóstico dela é correto, se existem tantos psicopatas soltos por aí e se é fácil, como ela escreveu, identificá-los.
Sei apenas que para certas pessoas, contar uma fofoca sobre alguém poderoso que elas um dia conheceram, pode até ser algo saudável, se isso for feito, digamos, numa mesa de botequim ou numa festa entre amigos.
Agora, quando essa fofoca sai num dos maiores jornais do país, com toda a pompa e circunstância que os personagens envolvidos merecem, é para desconfiar que o seu autor tem não um, mas muitos parafusos soltos.

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