terça-feira, 15 de setembro de 2009

Intruso no clube


A intenção do governo brasileiro de modernizar as suas Forças Armadas, com a compra de helicópteros, aviões e submarinos, tem suscitado reações as mais diversas. Houve até jornal que comparou o dinheiro que será gasto com os Scorpéne franceses a benefícios do Bolsa-Família...
Enfim, como se diz, o papel aceita tudo. Até mesmo uma entrevista, como a feita pelo Estadão, com uma certa Sarah Diehl, "pesquisadora associada do James Martin Center for Nonproliferation Studies de Monterrey, Califórnia", como foi apresentada aos leitores do tradicional diário paulista.
A entrevista teve como tema o fato de o Brasil, com a compra dos submarinos franceses, pretender equipar um deles com propulsão nuclear.
Suas respostas são exemplo perfeito de um certo tipo de pensamento vigente no Brasil e, certamente, em outros países que durante décadas estiveram em posição dominante no mundo. Como o dessa Sarah Diehl, os Estados Unidos, que, certamente, não gostam de ver sua influência sobre os irmãos pobres do sul diminuir.
Em suas respostas, fica claro que pertencer ao fechado clube nuclear é, para essa gente, algo que o Brasil não deve nem pensar.
As aspas abaixo falam por si:
"O governo brasileiro e os oficiais da Marinha do Brasil têm argumentado repetidamente que o submarino nuclear é necessário para proteger as reservas de petróleo do país. Surge, porém, em discursos públicos, a impressão de que o Brasil também acredita que um submarino nuclear vai aumentar o prestígio do país. Uma opção mais barata e mais eficiente para proteger os campos de petróleo no mar seria construir ou comprar submarinos a diesel, com propulsão independente do ar, que permite um tempo adicional de cruzeiro submerso. Muitos submarinos desse tipo poderiam ser comprados pelo custo de um submarino nuclear."
"Construir um submarino nuclear não vai, por si só, gerar um conflito. Mas realmente suscita perguntas sobre as intenções do País, sugerindo que está procurando projetar poder muito além da sua região costeira, dentro do Oceano Atlântico ou algum outro ponto além."
"Até agora, os Estados Unidos não se opuseram aos esforços do Brasil. Mas o governo dos Estados Unidos provavelmente acredita que o Brasil poderia estar usando essas verbas para propósitos melhores."
Ler os jornais quase sempre é frustrante. Tem vezes que dá um certo desânimo. A experiência, porém, nunca deixa de ser elucidativa.

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