Mais evidências de que o pior da crise passou e que, no Brasil, se não foi a marolinha prevista pelo presidente Lula, tampouco se afigurou o tsunami que a oposição inteira desejava e muitos dos tais analistas - aqueles que dizem exatamente o que seus patrões querem ouvir - profetizavam: a produção industrial cresceu 1,3% em maio na comparação com abril segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi a quinta alta mensal consecutiva do indicador, que acumula expansão de 7,8% nesse período.
A indústria tem sido o calcanhar de aquiles da recuperação econômica no Brasil. Setores como o automobilístico, de eletrodomésticos e de materiais de construção, por exemplo, têm respondido bem às medidas de incentivo da União, mas os exportadores vêm sendo castigados pela recessão mundial. Para eles, a luz no fim do túnel vai demorar ainda para chegar.
Quando uma boa notícia como essa aparece, a oposição perde mais um pouco a esperança fazer o sucessor de Lula. Isso porque as coisas estão umbilicalmente ligadas: sucesso na economia significa um presidente quase imbatível, capaz de transferir ao seu candidato - seja lá qual for - grande parte dos votos que seriam destinados a ele.
Por outro lado, um país arrasado, com desemprego em massa, salários em queda, significa mais votos para tucanos-pefelistas, para os quais, hoje, resta apenas a produção - com inteira cumplicidade de uma mídia partidarizada - de "escândalos" que sejam capazes de imobilizar o trabalho do Legislativo e do Executivo - o outro poder, o Judiciário, já está, há muitos anos, completamente desmoralizado e incapaz de responder aos desafios da jovem democracia brasileira.
O governador José Serra, tido como o candidato da oligarquia, afirmou, recentemente, que ainda aguarda a definição do quadro eleitoral para, só no próximo ano, decidir seu destino político. Claro que falou da boca para fora. Sua obsessão é ser presidente - e só não competirá se algo extraordinário ocorrer.
Entre essas variáveis encontra-se a sua posição nas pesquisas eleitorais. Hoje, ele é o primeiro, disparado até porque a campanha não começou explicitamente. Mas já há quem o compare aos famosos cavalos paraguaios, aqueles que perdem o fôlego no meio da corrida e, invariavelmente, terminam o páreo entre os últimos.
Para quem só se lembra do Serra vitorioso, é preciso não esquecer que, mais de uma vez, ele foi reprovado nas urnas - e isso aconteceu em seus próprios domínios. E, como se sabe, uma campanha presidencial abrange territórios distantes, rincões perdidos, cidadãos esquecidos - para os quais São Paulo é apenas uma utopia e os seus políticos não passam de miragens.
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