Quando o então deputado Luiz Inácio Lula da Silva se referiu à Câmara como morada de uns 300 picaretas, a mesma imprensa que hoje levanta, seletivamente, escândalos e mais escândalos, se indignou.
O problema de todo desse festival de denúncias é que, para a grande maioria da população, ele não quer dizer absolutamente nada.
Num país em que a propina, a corrupção, o nepotismo, o famoso jeitinho, são parte intrínseca dos hábitos culturais, soa, no mínimo absurdo, tentar jogar para o Congresso toda a responsabilidade pelas mazelas morais da nação.
Sim, José Sarney não é flor que se cheire. Mas ele está na política há quantos anos mesmo? Ah, 50 anos. Cinquenta longos anos! E só agora, neste momento em que a corrida sucessória começa a enfileirar seus concorrentes na linha de largada, é que a nossa prestimosa e diligente imprensa descobriu que ele é exatamente igual à quase totalidade de seus pares?
Conversa para boi dormir.
E não vamos esquecer que o imortal acadêmico José Sarney empresta semanalmente a sua premiada pena à ilustríssima Folha de S. Paulo - este baluarte da democracia.
Outra coisa que nossa impresa não diz sobre este recém-descoberto tumor recheado de podridão instalado na capital do país: nem todos os jornalistas são santos. Muitos deles, até, adoram um jabá, aquele mimo despretencioso que as empresas mandam de vez em quando para as redações.
Outros costumam se valer da famosa "carteirada" - são os que vivem incomodando as assessorias de imprensa para pedir as mais variadas facilidades.
E há ainda aqueles que, mais despudorados, não se vexam em usar o telefone para ligar, por exemplo, para uma GM, uma Ford, uma Fiat, uma Volks, e dizer, com toda a sem-cerimônia da vida, para o coleguinha do outro lado da linha:
- Não dá para emprestar um carro? É só por um mês. É que bati o meu...
Quase sempre o golpe dá certo.
E o mandrião está sempre de carrão novo - sem gastar um tusta.
Atire a primeira pedra...
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