terça-feira, 16 de junho de 2009

O fim do jornalismo

Se o julgamento não for novamente adiado, amanhã, quarta-feira, o Supremo Tribunal Federal deverá derrubar a exigência de diploma de curso superior específico para os jornalistas. Seis ministros já teriam indicado que vão votar contra a exigência.
O julgamento se arrasta há anos, desde que uma juíza paulista resolveu contestar a orbigatoriedade. Desde então o patronato tem feito lobby intenso pela abertura total do mercado, alegando que a Constituição garante a liberdade de informação para todos. Do outro lado, entidades sindicais se movimentaram para manter o status quo.
No Congresso, já prevendo o inevitável, deputados elaboraram projetos sobre o tema.
O assunto pode parecer irrevelante para muitas pessoas, mas é de extrema importância para quem deseja ver no país, de fato, uma imprensa responsável, profissional e, principalmente, ética.
Ao permitir que qualquer pessoa exerça a profissão de jornalista, com as suas inúmeras nuances, o STF deixa o patronato no melhor dos mundos - pode contratar quem quiser, pelo preço que quiser, segundo a implacável "lei" de mercado - afinal, qualquer pessoa será um jornalista em potencial.
Além disso, essa imensa mão de obra poderá ser treinada da maneira que os patrões acharem mais conveniente. Ou seja, para seguir estritamente a lógica que manda obedecer sem contestar as ordens superiores.
Se há hoje quem reclame da qualidade da imprensa brasileira, da dificuldade que é para conseguir um direito de resposta, do viés partidário do noticiário, da sujeição absoluta do interesse público aos negócios privados, é porque não sabe o que está por vir.
Os cursos de jornalismo do país são fracos, deixam muito a desejar para a formação profissional, mas por si só são um filtro que permite fazer uma seleção para a escolha dos profissionais mais aptos. Como em qualquer outra profissão, a formação acadêmica é apenas um primeiro passo - o trabalho cotidiano, com suas dificuldades e constante aprendizado, é a sequência natural.
Os ministros do STF deveriam saber dessas coisas. Mas, infelizmente, para os pobres mortais, eles são supremos. Até mesmo nas besteiras que fazem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário