sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Os interesses ocultos

Enquanto os sindicalistas se movem para articular um plano antidemissões, os empresários brasileiros continuam a fazer o que mais gostam: ganhar dinheiro a qualquer custo. Desta vez, porém, somam às dispensas injustificadas - afinal, um, dois meses de resultados ruins anulam meses de caixas gordos? - um indisfarçável prazer em ver o circo pegar fogo, em alarmar o público com declarações para lá de pessimistas, em cobrar providências imediatas do presidente Lula, enfim, em jogar para o quanto pior, melhor.
Esse movimento, que tem como único objetivo enfraquecer o governo, antecipando para agora a disputa de 2010, pode ser um tiro no pé. É que por enquanto a crise econômica global tem atingido mais fortemente o setor exportador, que, apesar do dólar fortalecido, viu diminuírem os compradores externos. Mas se os efeitos da desaceleração atingirem o mercado interno, ainda pujante, aí a conversa será outra.
Por isso a pressa do governo em anunciar medidas para destravar o crédito e de alívio fiscal às empresas, além das promessas de acelerar os investimentos próprios e das estatais.
Com a cartilha anticrise sendo seguida à risca, certamente, em poucos meses, a situação do país estaria praticamente normalizada. Ocorre que os esforços estão sendo sabotados por uma ampla faixa do empresariado nacional, que vê neste um momento único no esforço que tem feito nos últimos anos para desalojar o barbudo e a sua turma do Planalto.
Tanto os sindicalistas quanto as autoridades governamentais têm de entender que, neste momento, não basta atender às reivindicações de um ou outro segmento que se acha mais prejudicado pela crise.
É preciso que as ações tenham, sempre e obrigatoriamente, a contrapartida da manutenção do emprego, pois só assim o mercado interno sofrerá menos abalos e poderá responder mais efetivamente à terapia anticíclica.
O presidente Lula e seus auxiliares estão lidando com o que de pior existe no Brasil: uma elite que se acha dona do país e não aceita ficar alijada do poder. Desconhecer esse fato não é só ingenuidade, é puro suicídio.

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