sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

No lugar errado

Eleito vereador em grande parte pela torcida do São Paulo, clube no qual exerce o cargo de superintendente de Futebol, Marco Aurélio Cunha foi explítico em sua primeira entrevista na nova função, à rádio Bandeirantes. Deixou claro que a sua atuação terá como foco os interesses da classe média, que, segundo disse, "paga os impostos, não usufrui dos serviços públicos e é a mais desamparada".
Ele fez uma exaltada defesa dos políticos, reclamando que são, muitas vezes cobrados injustamente, pois nem sempre podem fazer tudo o que lhes pedem. Também não se conforma quando ouve falar que os vereadores paulistanos ganham muito - para ele, os mais de R$ 9 mil recebidos pelos edis são pouca coisa. "Ninguém questiona o salário do treinador de futebol", comparou.
Segundo explicou, a remuneração dos integrantes do Legislativo municipal deveria ser bem maior, pois eles são, como definiu, "executivos a serviço da cidade".
Num súbito ataque de modéstia, Marco Aurélio Cunha confessou que tem muito a aprender sobre o funcionamento da Câmara Municipal e sobre o trabalho do vereador.
Já refeito, terminou a entrevista dizendo que espera ser chamado mais tarde pelo prefeito Gilberto Kassab para integrar a sua administração. "Afinal, somos do mesmo partido, temos idéias parecidas", lembrou. O partido em questão é o DEM, que nunca deixou de ser o PFL.
Marco Aurélio Cunha é um homem acostumado aos microfones. Na verdade, tem feito uso bastante amplo deles para se mostrar um aspirante à cartola (ele ainda é funcionário e não diretor do clube) atrevido, sem papas na língua, que gosta de lançar bravatas e insolências aos adversários.
Isso pode funcionar no mundo do futebol, onde a fantasia faz parte intrínseca do cotidiano. Na política, porém, as coisas são diferentes. Nela, não se costuma torcer para um só time e o jogo é mais previsível.
Ganha quem geralmente soma - e não divide.

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