quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Duas faces, mesma moeda

Como prova de que a política é a arte da dissimulação, o governador José Serra cooptou o ex-governador e desafeto Geraldo Alckmin para o seu governo.
Geraldo é o novo secretário de Desenvolvimento. Vai suceder Alberto Goldman, que é o vice de Serra.
Os analistas dizem que essa foi uma jogada de mestre de Serra para facilitar sua ida ao Palácio do Planalto em 2010. Com Geraldo sob suas asas, ele neutraliza parte do poder de seu concorrente tucano, o governador mineiro Aécio Neves, que deu, na eleição municipal passada, apoio a Geraldo.
Não há dúvida de que a nomeação faz parte de uma estratégia que Serra vem desenvolvendo há longo tempo.
O que não se sabe é o que levou Geraldo a aceitar o cargo. Não é possível que um político que foi governador do Estado mais poderoso do país durante seis anos e acabou de disputar uma eleição presidencial e outra na maior capital brasileira, com toda a exposição midiática a que teve direito, se contente agora em ser um mero secretário - e do maior adversário em seu partido.
De maneiras diversas, Geraldo e Serra são iguais em muitas coisas. A ambição pelo poder e todas as suas benesses é uma delas. Eles apenas são diferentes no modo em que perseguem esses objetivos.
Um é mais dissimulado, o outro é mais explícito. Um é mais refinado, o outro é mais tosco. Mas os dois sorriem quando é preciso e escondem as emoções quase sempre. São atores formados em escolas diferentes que disputam o mesmo público ávido por esse tipo de protagonista canastrão.

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