quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Uma ótima notícia

De quando em quando, nestes tempos de notícias sombrias, surge algo que ilumina o horizonte, que dá cores à paisagem, que transforma a algaravia cotidiana num cantar de rouxinóis.

"Eu estou fora do jogo há muito tempo. Devo dizer que o governador Aécio e até o governador Serra, também, me pediram em outras ocasiões que eu fosse candidato e eu não quis, porque eu acho que cada um tem que entender o seu momento na história."

Parece incrível, mas quem diz que "cada um tem de entender o seu momento na história" é FHC, um dos homens que mais tem trabalhado para apear o barbudo do poder.

Como FHC parece não ter mudado tanto ao ponto de se poder confiar plenamente em sua palavra - afinal, não foi ele quem pediu para que esquecessem o que escreveu? -, é bom não estourar rojões cedo demais.

Seu anúncio de aposentadoria pode, na verdade, ser apenas um aviso de que, de agora em diante, ele passará a atuar da maneira como mais gosta, nos bastidores, tavestido de cardeal Richelieu, a espalhar intrigas entre os inimigos e os amigos.

Para se ter uma idéia de quem é o FHC político, basta ler o que ele disse, na mesma ocasião em que anunciou estar "fora do jogo", ao se referir aos dois presidenciáveis tucanos:

"Eu sempre que aliso um, aliso o outro, porque acho que os dois (Serra e Aécio) são excelentes e não está na hora ainda de definições. Eu repito e digo sempre: o PSDB tem a vantagem de ter excelentes candidatos. Quem pode negar que o Aécio está fazendo um governo excepcional, com competência, com boa gestão, com harmonia, então, é um excelente candidato. Enfim, eu acho que nós temos boas possibilidades."

Isso é o que ele diz em público, para os microfones e câmeras. Nessas ocasiões, é capaz até de elogiar os inimigos:

"O meu relacionamento com o Lula é ameno. Se você comparar com o que ele dizia a mim a meu respeito, quando eu era governo, você vai ver que eu só faço gentilezas com ele. Além do mais, a minha amizade com ele é anterior a do Aécio. Aqui, uma coisa é pessoal, outra coisa é a política. O relacionamento tem que ser, no plano pessoal, correto, ameno. No plano político, depende das circunstâncias. Agora, não pode haver uma só coisa: é vingança."

No fundo, a gente sabe que a única coisa que FHC gosta de alisar é seu imenso ego. Quanto à vingança, ele já a executou nos oito anos em que foi presidente, punindo, a cada dia de governo, a imensa maioria do povo que o elegeu.

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