Não se sabe exatamente quando eles viraram super-homens donos de verdades incontestáveis e sentenças definitivas. Mas durante muito tempo reinaram absolutos nas páginas dos jornalões, com sua linguagem pobre e incompreensível.
Foram mais de três décadas de domínio. Levados ao centro do poder, abusaram do direito de errar, mas, intocáveis, se fortaleceram a cada insucesso.
Quem, com mais de 30, não há de se lembrar dos "planos" que, de meses em meses, eram lançados sobre a população inquieta, como soluções absolutas para todos os males?
Um deles, o Plano Collor, se tornou emblemático. Feito para acabar com o "dragão da inflação" com um único tiro, exterminou, como arma massiva, sonhos e esperanças de todo um povo.
Na televisão, ao vivo e em cores, pessoas até então desconhecidas, tentavam explicar o inexplicável, num espetáculo patético.
A cena foi marcante. Na redação lotada, todas as TVs mostravam aquelas figuras fantasmagóricas. Chega um dos mais entusiasmados eleitores do caçador de marajás. Pára em frente a um dos aparelhos, fica alguns minutos tentando entender o que se passava. Com expressão incrédula, vira-se ao colega que estava sentado, também a admirar o espetáculo, e afirma, como que abobado:
- Mas eles confiscaram a poupança!
O Plano Collor foi a obra-prima da imperfeição. Mas teve concorrentes à altura. Poderia ter sido apenas uma página trágica da nossa história se os seus criadores e todos os idealizadores de monstruosidades parecidas não estivessem ativos até hoje.
São ainda requisitados, ouvidos por uma imprensa desatenta e preguiçosa - e se dão ares de importantes.
Exatamente eles que levaram, por meio de mentiras, desatinos, simples despreparo ou pura cobiça, o mundo à beira do precipício.
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