terça-feira, 21 de outubro de 2008

O desastre paulista

Mais uma vez, São Paulo está prestes a eleger um poste para ocupar o cargo de prefeito. Movida a altas doses de preconceito, a maioria do eleitorado prefere, como já ocorreu uma vez com o inqualificável Celso Pitta, expor-se ao risco de aprofundar suas já enormes mazelas, a ter a condução de uma equipe pelo menos séria, já testada com sucesso anteriormente.

O cheque em branco que esses eleitores passam ao governador José Serra, criador e manipulador do mamulengo que protagoniza o auto que precede uma outra peça mais complexa e de cenário mais elaborado, pode muito bem se transformar num bilhete de suicida.

Não por acaso, o Estado de São Paulo, tido como o motor do Brasil, que ostenta com porções iguais de orgulho e soberba o lema "non ducor, duco" se converteu no que é hoje, uma terra em que convivem alguns minúsculos cantões suíços e imensas savanas africanas.

Há anos as terras paulistas viraram feudo da ideologia e das práticas de um agrupamento partidário que se especializou em tornar privado o que é público e a desprezar qualquer noção elementar de justiça social.

Os "tucanos", como se autodenominaram, diz o dicionário, "vivem em pequenos bandos e costumam atacar os ninhos de outras aves", o que é auto-explicativo.

O grupo a que pertence a criatura do governador, embora também formado para prover quem tem mais à custa de quem tem menos, é simples coadjuvante no drama bandeirante. Integrado por indivíduos de caráter fraco, prefere agir à sombra do poder - qualquer poder que lhe possibilite desfrutar de uma vida confortável, de pouca labuta e muitos privilégios. Se existem os tucanos, nada mais natural que existam os chupins.

E assim segue esta tosca versão dos hollywoodianos "disaster movies" em que, depois de minutos de trucagens sofisticadas, o deslumbrante cenário colorido acaba se reduzindo a uma massa retorcida e informe de detritos. Só que, nesses filmes, passado o terremoto, sobram, para deleite da platéia, o herói, sua amada e uma esperança no ar.

Na produção nativa, porém, não há espaço para essa cena. Nela, o letreiro de "Fim" surge absoluto, definitivo, cruel, a indicar que a história tem apenas uma interpretação, apenas uma versão, e a ela devemos irremediavelmente nos conformar.

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