quinta-feira, 4 de setembro de 2008

No país das maravilhas

Na mesma semana, dois episódios ilustram o que é o Judiciário do país.

No primeiro, o jornalista Antonio Marcos Pimenta Neves vê a pena imposta pelo assassinato da também jornalista Sandra Gomide reduzida em três anos.

O detalhe é que Pimenta Neves está livre - desde que cometeu o crime, há oito anos, passou apenas seis meses preso.

Fato relevante: Pimenta Neves foi correspondente em Washington e diretor de redação do Estadão e da Gazeta Mercantil, trabalhou por uma década para o Banco Mundial e era amigo de vários donos de jornais.

No segundo, três rapazes foram soltos depois de passarem dois anos presos sob a acusação de terem estuprado e matado uma jovem. O crime acabou sendo confessado por outra pessoa. Dos três, dois se diziam inocentes e o terceiro relatou que havia confessado sob tortura. Apesar de soltos, terão ainda de ir a júri.

Fato relevante: os três são uns pobres coitados.

Os dois casos certamente não são os únicos que reforçam a percepção generalizada de que no Brasil a Justiça é para pobres, pretos e putas.

O circo rapidamente instalado pela oposição em geral a respeito da matéria da revista Veja é apenas a prova cabal de que há algo de podre no reino da Belíndia.

Certas pessoas não têm apenas a certeza da impunidade, como trabalham com muito afinco para que ela seja transformada em lei.

Nenhum comentário:

Postar um comentário